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Fábrica de bebês

'Só falta a decisão judicial para registrar a dupla maternidade'

Adriano Vizoni/Folhapress
A pediatra Luciana Avelar e sua parceira, a musicista Thaís Félix, mães de Laura e Lucca, de cinco meses
A pediatra Luciana Avelar e sua parceira, a musicista Thaís Félix, mães de Laura e Lucca, de cinco meses

DE SÃO PAULO

Com um embrião seu e outro de Thaís, sua parceira, Luciana deu à luz um casal de gêmeos

"Quando conheci a Thaís, já falei que sempre quis ser mãe. Depois de três anos juntas, disse: 'é hora'. Estava com 36 anos, meu relógio biológico estava correndo", diz a pediatra Luciana Avelar, 38.

"Queria usar meu próprio óvulo para implantar no meu útero. A Thaís sempre falou que para ela não interessava muito engravidar."

A musicista Thaís Félix, 25, conta que respeitou essa vontade da parceira de ter um filho geneticamente dela. "E o doador de sêmen anônimo é importante. Não queremos separação, óbvio, mas, imagine se acontece e temos que dividir a guarda com duas mães e um pai. Ainda nem conseguimos registrar nossos filhos com dupla maternidade, precisamos de decisão judicial para isso", diz.

"No começo, a maior preocupação era dizer para o médico que eu queria ter um filho para ser criado e registrado por duas mães. Mas não imaginava que seria difícil conseguir óvulos meus. Só quando comecei o tratamento descobri que meus ovários não estavam produzindo quase nada", lembra Luciana.

A pediatra passou por oito estimulações ovarianas. Na sétima, conseguiu um embrião, mas o médico sugeriu congelar e tentar mais um mês para ver se ela conseguia pelo menos mais um para aumentar a chance. " Fiz a oitava vez e nada de óvulos."

Thaís resolveu, então, participar e usar seus óvulos para implantar em Luciana. "Na primeira tentativa conseguimos um embrião", conta. Foi implantado no útero de Luciana um embrião de cada uma. "O médico consultou o Conselho para saber se poderia ser assim e tudo bem. Não esperava engravidar dos dois. Não poderia ter sido mais perfeito: um de cada, um casal."

Quando a Laura e o Lucca nasceram, Thaís tentou participar da amamentação. "Tomei remédio e estimulei com bombinha. Mas eles confundiam os bicos: o meu, o da Luciana... não deu certo."

Luciana esperava preconceito, mas diz que a reação das pessoas é de curiosidade. "Quando nossos filhos crescerem podemos explicar que tinha um homem bom que deixou sua sementinha para um caso igual ao das mamães, que não podiam engravidar sozinhas."

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