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Para filho adotivo, papel de herói é tão complicado quanto o de vilão

DE SÃO PAULO

O filme "Os Vingadores" não foi o primeiro nem será o último a tocar em pontos delicados da adoção. Tratar o filho adotivo como um ser "diferente" não é prerrogativa da ficção moderna.

A visão está em mitologias e relatos de vários períodos da história -de Moisés, adotado pela filha do Faraó, a Clark Kent, o Super-Homem.

"O que denigre e o que exalta são dois lados da mesma moeda. Nenhuma criança preenche expectativas tão extremadas", diz a psicóloga e psicanalista Maria Helena Ghirardi, do grupo de estudos, prevenção e pesquisa em adoção do Instituto Sedes Sapientae, de São Paulo.

A idealização da adoção pode ser tão problemática quanto os medos sobre a origem biológica da criança, segundo a psicanalista Gina Levinzon, autora de "Adoção" (Casa do Psicólogo, 2004) e professora de psicoterapia psicanalítica na USP.

"Tem pais que adotam não porque querem um filho, mas por quererem fazer um bem para a sociedade. Se esse filho começa a ficar mais rebelde, eles não se conformam. Eles têm que lidar com o filho que têm, o real, não com o imaginário", diz Levinzon.

Para a psicanalista, o fato de a pessoa adotar um filho para satisfazer uma necessidade sua não é o problema: "Precisar ser mãe, ter um filho, é um bom motivo, desde que você tenha a clareza de que terá que respeitá-lo da maneira que ele é".

Aos olhos dos outros, pode parecer um ato de benevolência e generosidade.

"Não fiz caridade. Nunca tive vontade de engravidar, de ter barriga, fui adiando a vontade de ser mãe. Quando veio a vontade, [a adoção] foi o melhor método para mim", conta a apresentadora Astrid Fontenelle, que adotou Gabriel na Bahia, em 2008, quando o menino tinha 40 dias de vida.

DIFICULDADES

Como toda criança, aquela que foi adotada vai encontrar dificuldades na vida. "Existe esse mito de que ela dá mais trabalho, tem muitos problemas. Como se a adoção explicasse todas as dificuldades", diz Levinzon.

Segundo a psicóloga, as pesquisas não mostram que filhos adotivos são mais problemáticos que os biológicos.

"Claro, algumas crianças podem ter passado por traumas, principalmente se foram adotadas mais velhas. Mas, se os pais estiverem preparados, bem orientados, tudo isso pode ser superado."

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