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O prazer sai da gaveta

Com diferentes formatos e novas estratégias de venda, os massageadores eróticos atraem um número cada vez maior de consumidoras

Isadora Brant/Folhapress
O estimulador de clitóris YVA (R$ 8.999) e o vibrador Olga (R$ 6.999) são de aço inoxidável banhado a ouro 18 quilates. Estão à venda na Loja do Prazer
O estimulador de clitóris YVA (R$ 8.999) e o vibrador Olga (R$ 6.999) são de aço inoxidável banhado a ouro 18 quilates. Estão à venda na Loja do Prazer

NOELLY RUSSO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Os vibradores, antes restritos a poucos modelos e reservados a lugares escondidos e lojas de reputação duvidosa, deixaram a clandestinidade.

Como cosméticos ou potes herméticos para comida, os massageadores e outros apetrechos eróticos são vendidos por consultoras que atendem em domicílio.

"A venda de porta em porta é um fenômeno brasileiro. Temos 85 mil consultoras que vendem esses produtos", diz Paula Aguiar, presidente da Abeme (Associação Brasileira das Empresas do Mercado Erótico e Sensual).

Segundo a associação, as vendas cresceram cerca de 18% no último ano -embora não se saiba exatamente o que isso significa, porque o setor não costuma divulgar os números fechados.

Mas a percepção de que o cenário está mudando aparece em outros lugares, como consultórios de psicólogos.

"As mulheres estão perdendo a vergonha e buscam mais formas de intensificar seu prazer", diz a psicanalista Regina Navarro Lins.

A maior procura também é constatada por Eliane Pessini, que há 11 anos vende produtos eróticos de porta em porta e vê cada vez mais interessadas nas palestras e workshops que dá pelo país.

Para a antropóloga e colunista da Folha Mirian Goldenberg, depois que os produtos eróticos ganharam visibilidade em seriados, como "Sex and the City", o uso de vibradores passou a se expandir e a se legitimar.

"Antes, você tinha que ir escondida a uma loja feia. Agora, pode comprar em butique, com vendedoras que vão em casa, pela internet. E a compra ganhou um valor, mostra que a consumidora é uma mulher moderna, independente", diz Goldenberg.

E também mais voltada ao seu próprio prazer. "Primeiro, mulher não podia gostar de sexo. Depois, só gostava se fosse 'com amor'. Agora, já tem pesquisa com mulheres assumindo que gostam de sexo pelo prazer, com ou sem amor", diz Navarro Lins.

A auxiliar administrativa Danielle Quintale, 30, é um exemplo dessa mulher mais à vontade na busca pelo prazer. Foi dela a ideia de comprar um estimulador de clitóris para usar com o marido.

"Tive que explicar com calma que o vibrador me ajuda a ter mais prazer no sexo. No começo, meu marido estranhou, mas nós, mulheres, temos de pensar em nós, não?"

O mercado também pensa. Hoje, mais de 200 modelos de massageadores íntimos são vendidos no país, entre nacionais e importados, como os da marca suíça Lelo. A empresa investe em peças de luxo, algumas com acabamento em ouro de 18 quilates.

Tanto glamour e visibilidade têm seu lado negativo: no final do mês passado, um modelo da Lelo, o Yva (na foto acima), virou manchete ao ser roubado de uma loja luxuosa, em Brasília.

PRAZER LÍQUIDO

As marcas mais populares estão apostando nos modelos disfarçados, que imitam a forma de pincel de blush, batom ou máscara para cílios.

Outra inovação são os "vibradores líquidos", que, em contato com a mucosa da vagina, dão choquinhos no clitóris. Recomenda-se escolher uma marca que tenha a aprovação da vigilância sanitária e, antes de usar, testar na boca, na parte interna do lábio.

Os modelos que estimulam o clitóris e dispensam a penetração estão entre os mais vendidos, diz Daniel Passos, proprietário da Loja do Prazer, que vende pela internet.

Para Passos, a evolução na tecnologia e no design deixa as mulheres mais confortáveis com o uso dos vibradores. Elas são as maiores compradoras dos produtos eróticos, mas alguns homens já procuram os massageadores para usar com a parceira.

É o caso de José Wellington de Oliveira Salatiel, 22, comerciário. "Comprei um para minha namorada. Ela não entendeu nada no começo, mas fui conversando e hoje faz parte da nossa relação. Eu acho supersexy vê-la usando", conta Salatiel, que diz ter superado o tradicional receio masculino de ser "substituído" pelo vibrador.

O medo é comum entre os homens, diz Navarro Lins. "Muitos acham que elas usam o vibrador porque eles não dão conta do recado. Mas, se a mulher estimula o clitóris com o aparelho enquanto está sendo penetrada, vai ter um orgasmo muito superior."

(COLABOROU IARA BIDERMAN)

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