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Rosely Sayão

Sempre a bendita matemática

Adultos falam com orgulho que detestam números. Aí fica difícil ensinar a criança a gostar de cálculos

Os resultados dos exames feitos por alunos da escola básica apontam, de uma maneira geral, um baixo rendimento na aprendizagem da matemática.

O número de crianças e jovens que não considera essa uma disciplina simpática é grande. E não é muito menor o número de alunos que briga constantemente com ela. Por que será?

Não podemos negar que há, no imaginário social, um grande preconceito contra a disciplina. Você já reparou, caro leitor, que muitas pessoas de todas as idades falam -com uma indisfarçável ponta de orgulho- que não gostam de matemática?

Pelo jeito, essa declaração constrói uma relação de pertencimento com um grande grupo.

Pois bem: para os mais novos, fica difícil ter empatia com a matemática se boa parte dos adultos que os rodeiam não dão evidências de que gostam de cálculos e problemas de um modo geral. Não há incentivos, portanto, só obstáculos.

Desde o início dos estudos, as crianças relacionam-se com pessoas -pais e professores- que não conseguem mostrar a elas a relação entre vida cotidiana e o pensamento lógico-matemático e as operações numéricas.

Eu mesma ouvi um professor de matemática declarar a um grupo de alunos que muito da matemática só teria utilidade mesmo dentro da própria disciplina. Ora, assim fica difícil, não é verdade?

Mas o fato é que a matemática pode ser lúdica, desafiante e intrigante. E já faz tempo que temos recursos disponíveis para provar às crianças que a disciplina considerada difícil pode ser um encanto.

Ainda no final dos anos 50, a Disney lançou um filme intitulado "Donald no Mundo da Matemática". Com mágica, o curta -que foi indicado ao Oscar- diverte crianças e, além disso, contribui para que diversos conceitos matemáticos abstratos em demasia para elas se transformem em uma linguagem acessível e divertida.

E o que dizer, então, das metáforas tão ao alcance dos mais novos? Eu, pessoalmente, adoro a árvore com a raiz quadrada. Caso você não conheça o filme, caro leitor, poderá encontrá-lo facilmente na internet.

A literatura também deu sua contribuição. Quem não conhece "O Homem que Calculava" [de Malba Tahan]? O texto, em forma de narrativa, mostra curiosidades, quebra-cabeças matemáticos e problemas que tornam a disciplina bem mais interessante para aqueles que costumam dizer que a consideram uma matéria muito difícil.

Outra obra, igualmente destinada ao público infantojuvenil, chama-se "O Diabo dos Números" [de Hans Magnus Enzensberger]. Escrito por um pensador alemão contemporâneo, o livro cai muito bem para quem desenvolveu aversão ou temor pela bendita matemática.

Com as aulas prestes a serem reiniciadas, vale a pena ajudar crianças e jovens que não tiveram um bom aprendizado na matemática no primeiro semestre do ano letivo. E isso não precisa, necessariamente, significar aulas particulares, mais estudos, mais lições etc. Mais do mesmo, definitivamente, não!

Os recursos que citei acima e muitos outros podem atuar de modo mais significativo para que o estudo da matemática possa se tornar mais atraente e desafiante.

E desafios são mesmo com os mais novos. Quem nunca observou uma criança jogando, por exemplo?

Quando uma disciplina do conhecimento se transforma em experiência, o aprendizado ocorre com mais facilidade. Quando o estudante coloca barreiras para a compreensão do conteúdo, a tarefa de aprender fica muito mais árdua.

Filmes e livros -isso sem falar dos jogos- são excelentes oportunidades para desmitificar a matemática e o seu ensino para os mais novos.

ROSELY SAYÃO é psicóloga e autora de "Como Educar Meu Filho?" (Publifolha)

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