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Outras Ideias

MICHAEL KEPP - mkepp@terra.com.br

Qual é o botão, afinal?

Apertar '2' é uma escolha estranha para quem pretende sair de um prédio. Mas é melhor que 'G1' ou 'G2'

Andar de elevador no Brasil tem seus altos e baixos.

Para descer até o térreo, costumo pressionar o botão "T" (de térreo) ou "P" (de portaria), mesmo em edifícios que não têm mesa de recepção nem alguém sentado atrás dela que insista em saber meu nome.

Mas, se tenho que optar entre um "T" e um "P", o escolhido deve ser o "T". Caso contrário, a porta se abrirá sobre um mar de concreto que costuma ser usado apenas em festinhas infantis.

Recentemente, uma nova letra se somou ao dilema. Ao descer de elevador, me vi obrigado a escolher entre "P" e "A". Pressionei o "P" e a porta se abriu sobre essa grande área vazia. Então apertei o "A", já que as outras opções eram "G1" e "G2".

Fui descobrir mais tarde que o "A" indica "átrio", um pátio interno que dá acesso a um prédio. "Atrium", em latim, significava a área de recepção de uma casa romana antiga. No Brasil, porém, "átrio" apenas designa o lugar de entrada e saída.

Portanto, a meu ver, pode ser útil conhecer um pouco de latim para esses momentos em que você entra em um elevador com o objetivo de sair de um prédio, aqui no Brasil.

Em alguns edifícios comerciais, os elevadores não têm botão "T" ou "P", mas apenas um botão "SL". Chegando à sobreloja, você desce até o térreo por escada rolante. Em alguns desses elevadores existe um botão "2", não um "SL"-mas não há nenhuma placa com a palavra "saída" ao lado dele.

Hesito antes de pressionar "2", já que é uma escolha estranha para alguém que pretende sair de um prédio. Mas, ainda assim, é uma opção melhor que "G1" ou "G2".

Em um shopping do Rio, o painel do elevador não possui botão "SL", apenas os botões "S" e "L". Quando pressionei "S" a porta se abriu no subsolo, geralmente indicado por "SS". Então, apertei "2" e cheguei à "SL". Eu já tinha deduzido que "L" ou me levaria ao lazer ou às lojas. Ou faria aparecer uma Coca Light.

A primeira vez em que entrei no elevador de um hotel chique de São Paulo apertei um botão depois de outro, incapaz de deduzir que, para fechar a porta, era preciso colocar meu cartão-chave numa abertura na parede.

Uma placa com essa informação teria ajudado. Uma dondoca hospedada no hotel me resgatou, lançando-me um olhar de "que retardado!". Infelizmente, não pude responder com outro olhar que dissesse: andar de elevador no Brasil não é para amadores!

MICHAEL KEPP, jornalista americano radicado há 29 anos no Brasil, é autor do livro "Tropeços nos Trópicos - crônica de um gringo brasileiro" (ed. Record)
www.michaelkepp.com.br

NA PRÓXIMA SEMANA
Mirian Goldenberg

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