São Paulo, terça-feira, 01 de fevereiro de 2011
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Mães chinesas sonham com filhos em Harvard

FABIANO MAISONNAVE
DE PEQUIM

Assistidas por dois monitores, crianças a partir de dois anos se divertem com telas interativas onde pululam Branca de Neve, Mickey, sereias e outros personagens da Disney.
Mas não se trata de um parque temático, e sim da sala de aula de uma das escolas de inglês montadas pelo grupo americano na China.
É difícil imaginar as filhas da Amy "mãe tigre" Chua numa aula assim, mas o programa educativo Disney já convenceu milhares de pais chineses, cada vez mais interessados nos métodos pedagógicos americanos.
Depois de começar com apenas uma unidade em 2008, as escolas da Disney já têm 19 filiais, onde são comuns listas de espera. A rede só não é maior por falta de mão de obra.
A Disney é popular principalmente em Xangai, onde tem 11 unidades. A cidade mais rica da China apareceu em primeiro lugar no Pisa, o exame que avaliou alunos de 15 anos de 65 países em matemática, leitura e ciências. Os EUA ficaram em 15º, e o Brasil, em 53º.
O ensino superior dos EUA também atrai a China: é o país que mais manda alunos para as universidades americanas. No ano letivo de 2009-2010, havia 128 mil universitários chineses por lá, aumento de 30% em relação ao ano anterior.
Esse contingente inclui a filha de Xi Jinping, o mais provável sucessor de Hu Jintao como dirigente máximo do país. Hoje, ela estuda na Universidade Harvard.

PRESSÃO POR SUCESSO
Mas a atração pela educação americana, fruto da abertura econômica e do maior acesso à informação, não significa que os pais chineses deixaram de pressionar os filhos como Chua.
Ao contrário, a expectativa de sucesso é ainda maior na atual geração, em que predominam os filhos únicos, os "pequenos imperadores".
Um estudo do Centro de Comunicação da População da China mostra que 84% dos estudantes de ensino médio estão deprimidos e estressados. E quase metade dos alunos do ensino fundamental sente vergonha após ouvir críticas de pais e professores.
Para Melinda Liu, correspondente em Pequim da revista "Newsweek", os pais chineses querem conciliar o desejo de sucesso de sua prole com formas de aumentar as oportunidades para a criatividade e a individualidade.
"Muitos jovens chineses lamentam que não haja um Bill Gates da China. (...) As mães chinesas gostariam de enviar seus filhos para Harvard. Em outras palavras, a chave para o sucesso é vista como um híbrido de Oriente e Ocidente -pelo menos quando vista do lar das "mães tigres'", escreveu Liu.


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