AUGUSTO PINHEIRO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Em São Paulo, executivos, profissionais liberais e empresários estão incluindo mais um compromisso em suas agendas geralmente apertadas: cuidar da aparência. Por trás da decisão de dedicar algumas horas a cabeleireiros, manicures, esteticistas e massagistas, está a preocupação com a carreira. Frequentadores das clínicas de estética exclusivas para homens -uma tendência nova no Brasil-, esses profissionais investem no visual para ganhar pontos no trabalho. "Temos clientes que vêm aqui para se preparar para uma entrevista ou para uma reunião importante", afirma Celso Forster, 46, um dos proprietários da clínica Garagem, inaugurada no ano passado.
O publicitário Luciano Campeão, 31, é um deles. Diz que, desde que começou a frequentar a Garagem, sua credibilidade com os clientes aumentou. "Claro que não basta ter boa aparência, mas, às vezes, você não consegue demonstrar sua competência por causa do visual."
A questão estética, de fato, não é um elemento determinante na carreira desse tipo de profissional. Mas pode ajudar. "Investir na aparência é positivo para quem percebe que isso pode diferenciá-lo dos demais", afirma o consultor de recursos humanos Dario Guimarães, da Across Gestão de Carreiras.
Para o empresário Rubens Pimentel, 54, outro cliente da Garagem, o sucesso profissional depende de uma combinação de fatores, como competência e credibilidade. "A aparência entra nessa soma. Se o profissional não tem boa aparência, é um ponto falho."
Guimarães afirma que, quando o profissional procura uma clínica estética, ele também está trabalhando a auto-estima. "Isso reflete no trabalho, a pessoa passa a ter uma visão mais positiva da vida."
Foi o que aconteceu com o empresário Werner José Reuters, 47, frequentador da ala masculina da clínica Beauty Runner. Ele conta que andava com a auto-estima baixa até iniciar o tratamento. "Hoje, me acho mais bonito, tenho mais ânimo para o trabalho e sou mais bem recebido pelos clientes", diz.
Em alguns ambientes, a aparência tem um peso maior. O veterinário José Luiz Corrêa Aranha, 27, conta que, quando não está "alinhado", escuta comentários negativos no Jockey Club, onde trabalha como treinador de cavalos de corrida. "Lá todo mundo tem boa aparência. Quando você está arrumado, o dono do cavalo olha você com outros olhos." Na Garagem, ele corta o cabelo e faz manicure, limpeza de pele e massagem.
As idas aos centros de estética também ajudam a reduzir a tensão cotidiana e funcionam como lazer. Luciano Campeão, por exemplo, não dispensa a massagem antiestresse a cada três semanas. "É um momento relaxante, em que esqueço de tudo; e, como a clínica que frequento é um espaço só para homens, fico mais à vontade para conversar", afirma. Já Werner Reuters trocou a happy hour pelo tratamento para rejuvenescer o rosto e diminuir a gordura localizada. "Deixei de lado o programa de beber e fumar no bar para me dedicar ao tratamento."