São Paulo, quinta-feira, 02 de abril de 2009
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

[+]Corrida

Rodolfo Lucena

Chocolatemo-nos


[...] Nem se conseguirmos queimar as calorias há certeza de nos livrarmos dos efeitos deletérios da guloseima, adverte a mestre em nutrição Cynthia Antonaccio

Crocante, ao leite, amargo, meio amargo, quentíssimo, gelado, chocolate é uma delícia. Acalma o espírito e agrada ao paladar. Muitos corremos para poder comer, sem tanta culpa, uma barrinha a mais; outros se exercitam porque trucidaram várias barrinhas a mais.
No território das dietas, o chocolate é vilão por causa da enorme quantidade de calorias. Mas exatamente por isso é ótima fonte de energia: em não poucas maratonas e provas mais longas, o chocolate é servido, em alguns postos de abastecimento, cortado em pedaços irregulares, simpáticos. Ao atleta, basta encher a mão e se empapuçar: é uma compensação de prazer ao longo do esforço que faz para enfrentar e vencer o desafio colocado pela distância, o percurso, o clima e a vontade de desistir.
Mas é preciso ir com calma, alerta a nutricionista especialista em fisiologia do exercício Patrícia Oliveira, do Instituto Vita: "Para o corredor e para todas as pessoas que consomem chocolate em excesso, o problema é a grande quantidade de gordura, principalmente saturada, e colesterol, que podem levar à obesidade e a problemas cardíacos futuros".
O segredo, diz ela e todos os profissionais do ramo que consultei, é ir com calma: "Divida o chocolate e coma só um pouco por dia. Guarde o resto para o dia seguinte".
O fato de você fazer exercício não refresca muito, diz Tânia Rodrigues, da RG Nutri, pois é preciso correr cerca de uma hora para queimar as calorias fornecidas por uma mísera barra de 100 g de chocolate ao leite. Ou seja, haja maratona para tanto ovo de Páscoa.
Nem se conseguirmos queimar as calorias há certeza de nos livrarmos dos efeitos deletérios da guloseima, adverte a mestre em nutrição Cynthia Antonaccio, diretora da Equilibrium Consultoria: "Não se deve esquecer que cacau é uma coisa, chocolate é outra. O chocolate geralmente vem em receita com uma grande quantidade de açúcar e gordura" (leia no blog as entrevistas completas).
Agora você já tem informações suficientes para saber os riscos do consumo dessa maravilha. É como na corrida: a gente sabe que pode se machucar, mas sabe também que é bom demais disparar pelo asfalto. Todos recomendam bom senso, mas a gente quer mais é diversão, que nem sempre combina com equilíbrio.
Enfim, seja um consumidor informado, mas não deixe de aproveitar. Seja um atleta consciente de seus limites, ouça seu corpo, mas também dê ouvidos a seus demônios. E aproveite com prazer o chocolate da vida.


RODOLFO LUCENA , 52, é editor de Informática da Folha, ultramaratonista e autor de "Maratonando, Desafios e Descobertas nos Cinco Continentes" (ed. Record)

rodolfolucena.folha@uol.com.br

www.folha.com.br/rodolfolucena



Texto Anterior: Exercício e filosofia
Próximo Texto: Poucas e Boas
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.