São Paulo, quinta-feira, 03 de maio de 2007
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Substância antiflacidez da pele é questionada

colaboração para a folha

Presente em uma grande variedade de cosméticos antienvelhecimento, o dimetilaminoetanol, mais conhecido como DMAE, pode ser menos inofensivo do que se pensava. Dois estudos recentes mostram que a substância, utilizada para recuperar a firmeza da pele e considerada segura, tem efeitos indesejáveis.
As pesquisas, realizadas pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e pela Universidade Laval (Canadá), mostraram que o DMAE aumenta a morte de fibroblastos, que são células jovens, comuns no tecido conjuntivo.
O uso cosmético do dimetilaminoetanol ganhou fama por criar aquela sonhada "esticadinha" na pele do rosto. Porém, estudos iniciados para entender a forma de ação da substância trouxeram resultados capazes de causar algumas rugas de preocupação nos usuários do DMAE -em geral, ainda se acredita que, pelo menos, mal ela não faz.
No estudo da Unifesp, feito no laboratório de cultura de células da disciplina de cirurgia plástica, uma análise "in vitro" mostrou que a aplicação de DMAE diretamente nas células da pele aumenta a morte de fibroblastos. O vice-coordenador do laboratório, Alfredo Gragnani Filho, explica que o tipo de morte celular observada é a chamada programada. "As células não rompem, não perdem as membranas, simplesmente param. Talvez não seja necessariamente um mal." Mesmo assim, ele acha que essa descoberta pode significar que a substância não seja tão benéfica quanto se acreditava.
A outra pesquisa, realizada no Canadá pela Faculdade de Medicina da Universidade Laval, chegou a conclusões similares. Publicado na última edição da revista científica "British Journal of Dermatology", o estudo verificou que, após 24 horas em contato com DMAE, a taxa de mortalidade celular era de mais de 25%.
Os responsáveis pelos dois estudos não chegam a condenar totalmente o DMAE, mas sugerem que mais pesquisas devem ser feitas para avaliar as vantagens e os riscos do uso da substância. O dermatologista Davi de Lacerda, do Hospital das Clínicas de São Paulo, concorda com essa postura. "As pesquisas mostram que o DMAE não pode mais ser utilizado como algo totalmente sem risco e tem de ser estudado com mais rigor para sabermos se, quando e como deve ser indicado."
É também um sinal de alerta para usos mais heterodoxos da substância. "Há locais que oferecem tratamentos com DMAE injetável, o que cria o risco de absorção sistêmica e não sabemos as conseqüências disso", diz o dermatologista Cid Yazigi Sabbag, da Sociedade Brasileira de Laser. (IB)


Texto Anterior: Autora de livro sobre ioga facial fala sobre a técnica
Próximo Texto: Dia-a-dia: Compare
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.