São Paulo, terça-feira, 03 de agosto de 2010
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Síndrome da academia vazia

Quando trocar o cobertor pela malhação fica difícil, algumas táticas ajudam os alunos a não abandonar de vez a atividade

DE SÃO PAULO

Tão certo quanto a noção de que as temperaturas médias serão mais baixas é saber que, no inverno, as salas das academias ficarão mais vazias. O movimento costuma cair cerca de 20%, segundo a Acad (Associação Brasileira de Academias).
Este ano, a coisa está um pouquinho pior. "Tivemos uma sequência de muitas chuvas, semanas de frio muito intenso, Copa do Mundo e férias escolares. Um inverno negro", diz Claudio Silva, presidente da Acad.
Agora, quando pelo menos uma parte disso já passou, o duro é trocar o cobertor pela esteira. Quanto mais faltamos aos treinos, mais motivos encontramos para não voltar à atividade.
Vale a pena fazer um esforço para não deixar a musculatura cair. "Se você fica mais de um mês parado, vai precisar de uns três para voltar ao nível de condicionamento anterior", alerta Silva.
É também um investimento mais seguro para quem sonha com um corpo bonito para o próximo verão.
"Começar em dezembro para alcançar os resultados em janeiro não é viável e aumenta o risco de lesões", afirma Markus Najas, do Núcleo de Pesquisa em Atividade Física da Universidade Federal de Santa Catarina.
Segundo ele, as primeiras seis semanas servem principalmente para o organismo se adaptar à atividade, e não para alcançar resultados.
Para Daniel Almeida, professor da academia Century, a principal causa do abandono é mesmo a preguiça. "As pessoas têm menos disposição e bate aquela preguiça de sair do quentinho para encarar o treino", diz.

AULAS AVULSAS
Tentar manter o mínimo de atividades, mesmo que em ritmo menor, é o conselho de Claudio Silva. "Fazer pelo menos duas aulas por semana e aumentar a atividade no dia a dia, andando mais a pé, por exemplo, já ajuda."
Outra dica dele é mudar o tipo de treino. "Como atualmente a grade de atividades nas academias é muito variada, experimentar uma aula nova estimula o aluno a não parar de se exercitar."
Uma boa ideia é fazer aulas avulsas para descobrir as modalidades que parecem mais prazerosas, mesmo que, para isso, o treino habitual seja deixado de lado por algum tempo.
As aulas coletivas também ajudam a espantar a preguiça. Além do calor humano, a música e o estímulo do professor dão mais ânimo para trocar o chocolate quente pela malhação.
A vantagem da troca aparece na balança. Segundo João Salles, membro do departamento de obesidade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia, quem interrompe uma atividade física e mantém um hábito alimentar semelhante ao que tinha antes tende a ganhar peso.

CRISE DE INVERNO
Pensar nas consequências -ganho de peso, perda de condicionamento- não deixa de ser uma estratégia para superar a crise de inatividade típica do inverno.
O que funcionar está valendo. Tem academia oferecendo até programa de milhagem para incentivar os alunos: a cada atividade realizada, o aluno recebe "milhas" para concorrer a sorteios de viagens.
Há dias em que é preciso mesmo muitos argumentos para sair do cobertor.
(IARA BIDERMAN E MÁRCIO PINHO)


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