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Sentimento messiânico é comum entre futuros pais
DÉBORA MISMETTI
EDITORA-ASSISTENTE DE SAÚDE
Ter filho não resolve a vida
de ninguém. Não conserta
casamento e nem apaga conflitos familiares. Ainda que
isso seja óbvio, o sentimento
irracional de que a criança
pode solucionar tudo como
mágica é comum entre futuros pais, diz o psicanalista
Rubens de Aguiar Maciel.
Para o seu doutorado, ele
entrevistou homens cujas
mulheres estavam grávidas.
"O sentimento messiânico
surgiu de maneira importante nas entrevistas", diz.
Essa fantasia prospera
porque está na esfera do desejo. "O desejo é terrível. A
crítica racional vale pouco
diante dele."
A falta de maturidade foi
outra questão analisada. Por
mais que os homens demonstrassem o desejo de serem responsáveis por seus filhos, alguns ainda desejavam ser filhos, segundo o
psicanalista. "Desejo não é
tudo. A gente faz o que pode,
não o que quer. Quem deseja
ser um filho não tem competência para ser pai."
A expressão dessa imaturidade apareceu em queixas e
lamentações. "Eles queriam
ser cuidados pela mulher, se
sentiam inseguros pela falta
de carinho na gravidez."
A consequência desse sentimento, mais tarde, pode ser
uma competição entre pai e
filho pela atenção da mulher.
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