São Paulo, quinta-feira, 04 de fevereiro de 2010
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ROSELY SAYÃO

Novas diretrizes

Toda mulher, assim que engravida, passa a receber noções de puericultura. Tanto as ciências da saúde quanto a sabedoria popular contribuem para rechear esse conjunto de conhecimentos e técnicas que têm por objetivo os cuidados com as crianças pequenas e que abrangem desde a atenção com a saúde física até o desenvolvimento psíquico.
Conversei com algumas mães de bebês com menos de um ano para averiguar as orientações atuais. Fiquei surpresa com algumas que elas têm recebido porque são antigas, mas chegam agora com aparência sofisticada e com o aval do conhecimento técnico-científico.
Circula, por exemplo, um método para acalmar bebês conhecido como o "método dos cinco S". Trata-se de um conjunto de cinco dicas que ajudam os pais a aquietarem o filho quando ele chora e fica inquieto e o nome faz referência a cinco palavras da língua inglesa. Envolver o bebê firmemente em panos, carregar o bebê na posição lateral, emitir sons que lembrem o pedido de silêncio (shhhh) próximo aos ouvidos da criança (algumas mães me disseram que vale também o ruído do secador de cabelos, vejam só!) e embalar são as principais orientações do método.
Outra dica que faz o maior sucesso entre essas jovens mães é a de banhar a criança, principalmente quando ela está agitada, em um balde. É isso mesmo: a conhecida banheira de bebês está sendo trocada pelo velho balde que todo mundo usa em casa, principalmente para a limpeza doméstica. Por que a troca? Porque desse modo o bebê fica com o corpo todo imerso na água, como se fosse um ofurô, e isso é relaxante, mesmo para adultos.
O mais interessante dessas e de outras dicas que os jovens pais têm seguido é uma mudança na maneira de tratar e de cuidar das crianças. À primeira vista, pode parecer que o que os pais buscam é apenas um bebê mais calmo para que eles fiquem mais tranquilos. Entretanto, mesmo que seja essa a maior intenção, muda o estilo de viver passado ao bebê.
Até pouco tempo atrás, a orientação geral era a de deixar o bebê solto, com o corpo livre para que ele se movimentasse à vontade. Os pais deveriam suportar o choro insistente porque era o modo de o bebê se comunicar com o mundo e o ônus inicial de se ter um filho. Agora, pelo jeito, o que se pretende é transmitir a noção de que o corpo pode e deve ser controlado.
Hoje temos muitas crianças que não têm a mínima noção de seu corpo: elas correm desajeitadamente e sequer sabem evitar quedas ou desviar de obstáculos ou de pessoas que encontram pelo caminho. Quando carregam mochilas ou malas escolares, então, não conseguem pensar que precisam ampliar o espaço físico que usam. Do mesmo modo, muitas são irrequietas e agitadas a maior parte do tempo e não conseguem se acalmar.
Quem sabe essas novas -e ao mesmo tempo antigas- orientações contribuam para que as crianças cresçam mais tranquilas, mais conscientes de seu corpo e, desse modo, aprendam mais cedo a ter uma melhor percepção de si e do entorno.

ROSELY SAYÃO é psicóloga e autora de "Como Educar Meu Filho?" (ed. Publifolha)

roselysayao@uol.com.br

blogdaroselysayao.blog.uol.com.br



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