São Paulo, quinta-feira, 04 de março de 2010
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EM CENA CONTRA AS SEQUELAS

Ele diz que conseguiu se manter tranquilo -algo difícil de acreditar em uma circunstância como aquela. José Ribeiro, 68, tinha acabado de acordar quando percebeu que estava com o lado direito paralisado. Caiu na mesa e lá ficou, sem falar nem se mexer, esperando que alguém acordasse -foi socorrido pelo filho, meia hora depois.
"Fiquei calmo. Era tabagista, pensei: 'Chegou minha vez'.É pior para o parente, que vê a pessoa com olho e boca caídos, um monstro", diz o aposentado. Isso foi em 2005. José teve que reaprender a andar, a comer e a tomar banho. Hoje, tem só um pouco de dificuldade para fazer as coisas com a mão direita. Também teve problemas de linguagem -tem dificuldade de concatenar palavras, mas só quando fica nervoso.
Há um ano e meio, entrou para o Ser em Cena, grupo de teatro para afásicos (pessoas com deficiência na linguagem). "Nunca tinha feito teatro, mas gosto muito", diz.
Nem sempre foi fácil. Quando recebeu alta da fisioterapia e viu que ainda restavam dificuldades, José teve depressão. "Eu achava que iria voltar à normalidade. Só pensava: vou ser um peso morto", lembra.
Após se tratar com psiquiatra e psicoterapeuta, está melhor e até brinca com sua condição. "Aceito minhas limitações e me considero bem. Aprendi a cozinhar: afinal, com um marido em casa sem fazer nada, minha mulher já teria me mandado embora."


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