São Paulo, terça-feira, 04 de outubro de 2011
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CORRIDA

RODOLFO LUCENA - rodolfo.lucena@grupofolha.com.br

Risco e prevenção


Atividade física é bom desde que haja preparo e o esforço seja condizente com o nível de treinamento

A CORRIDA virou uma panaceia. Um corre para baixar a barriga, outro para enfrentar a depressão, um terceiro para conquistar amigos, daqui a pouco tem gente correndo até para curar unha encravada.
Multiplicam-se as provas e a oferta de serviços para candidatos a atletas. As aulas de corrida em academias ficam lotadas, como estava uma, outro dia, frequentada por um especialista em medicina esportiva.
Na frente dele, um sujeito bem acima do peso, de joelhos valgos (coxas ficam para dentro, joelhos encostam um no outro), tentava acompanhar. Bufava, suava e, com o aumento de esforço, mais os joelhos entortavam.
Para o médico, era evidente o risco de lesão; ao final da aula, ele foi falar com o professor. O mestre concordou, mas disse não poder barrar ninguém, afinal, todos os alunos pagavam a academia...
Nas ruas, a gente também nota isso e costuma elogiar quando vê um sujeito pesadão fazendo esforço para arrastar o corpo asfalto afora.
É um esporte democrático e simples. Qualquer um pode colocar os tênis e sair por aí a sonhar com a maratona. Às vezes, porém, o risco supera eventuais vantagens.
Um ortopedista que consultei diz que pessoas com índice de massa corporal (peso dividido pelo quadrado da altura) maior que 28 não deveriam correr; mulheres muito magras, com IMC abaixo de 19, podem não ter a musculatura adequada para absorver os impactos da corrida.
Para quem está nessa situação, o ideal é procurar um especialista, começando com um programa de perda (ou ganho) de peso, orientação técnica e fortalecimento, dedicando-se a caminhadas até ficar em condições de iniciar os trabalhos de corrida.
Além disso, é importante fazer avaliação cardiológica dirigida à prática esportiva.
Fazer atividade física é muito bom e só traz benefícios, desde que haja preparação e que o esforço seja condizente com o nível de treinamento da pessoa.
Caso contrário, o corpo reclama e a brincadeira pode desencadear arritmias cardíacas, insuficiência respiratória, elevação anormal da pressão e, se houver alguma doença não sabida, poderá aparecer de forma aguda.
Odeio fazer exame médico, mas já aprendi que monitorar o corpo é uma das melhores formas de defender minha corrida. Defenda a sua.

RODOLFO LUCENA, 54, é editor do blog +Corrida (maiscorrida.folha.com.br), ultramaratonista e autor de "Maratonando, Desafios e Descobertas nos Cinco Continentes" (Record)


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