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Como as agulhas agem no corpo, segundo as duas medicinas
Como explicar cientificamente que uma picada
de agulha e a sua permanência no meio do tórax,
por exemplo, pode diminuir os sintomas de ansiedade da pessoa? Questões desse tipo fizeram o atual chefe da equipe de acupuntura do Centro de Dor do Hospital das Clínicas e presidente da Sociedade Médica
de Acupuntura de São Paulo, Hong Jin
Pai, mudar-se para a China, na década de
80, para mergulhar no estudo da técnica
de acupuntura. "Queria mais do que a
explicação de desequilíbrio energético",
diz ele.
Segundo a teoria oriental milenar, o ser
humano de mente sã e corpo são é formado por uma energia vital chamada de
"qi" (pronuncia-se chi), distribuída pelo
corpo e com seus aspectos opostos "yin"
(negativo) e "yang" (positivo) perfeitamente equilibrados. O menor desequilíbrio dessas forças daria origem a desordens físicas e psicológicas.
Para restabelecer essa rede de energia,
agulhas são introduzidas em pontos específicos do corpo. Assim a harmonia do
"yin" e "yang" é estimulada, anulando as
doenças e as dores causadas pelo desequilíbrio.
Segundo a medicina ocidental, as agulhas estimulam 365 terminais nervosos
espalhados pelo corpo (os chamados
pontos), ativando no cérebro a produção
de substâncias que atuam como analgésicos (endorfina), antidepressivos (serotonina e noradrenalina) e antiinflamatórios naturais (cortisol) e que são liberadas na corrente sanguínea.
Esses terminais nervosos estão distribuídos por 14 linhas longitudinais ao corpo (os chamados meridianos na medicina oriental). Cada linha possui de 20 a 30
pontos clássicos. "A introdução de uma
fina agulha nos pontos causa uma microinflamação. Essa irritação faz com
que o organismo passe a produzir naturalmente essas substâncias que não seriam fabricadas se não tivesse havido o
estímulo com a agulha", explica Hong.
Fora os pontos que estão nos meridianos, ainda existem cerca de 50 -chamados de pontos extras-, que, segundo
Hong, têm ação local, não se irradiando
ao longo do corpo como os clássicos. Há
ainda muitos a serem descobertos, diz.
A forma de aplicar as agulhas na pele,
assim como a quantidade usada, variam
segundo a indicação terapêutica. A introdução pode ser superficial, subcutânea e
muscular, penetrando até 7 cm -caso
do tratamento do ciático, diz Hong.
A maioria das agulhadas não dói. As
agulhas têm 0,25 mm de espessura, porém, mesmo tão fina quanto um fio de
cabelo, se a introdução for mais profunda pode exigir reforço extra. Nesse caso,
anestésicos, como lidocaína, são injetados com a picada. O preço médio de cada
sessão -de 30 minutos- vai de R$ 50 a
R$ 100.
E, para quem tem pavor de agulhas,
existe a opção da acupuntura com laser.
Porém, segundo Hong, o tratamento não
é tão satisfatório quanto o tradicional.
"Precisa haver o contato", diz.
Os registros de aplicação de agulhas datam de mais de 5.000 anos, contudo o
conceito da técnica se confunde com a
evolução da própria civilização e é tão
antigo quanto o gesto inconsciente do ser
humano de massagear a lateral da testa
com a ponta dos dedos para aliviar uma
dor de cabeça.
Cuidados
Antes de procurar um acupunturista, especialistas alertam para alguns procedimentos essenciais. "O principal é saber se o profissional é realmente
médico e acupunturista", diz Ruy Tanigawa, vice-presidente da Associação Médica Brasileira de Acupuntura (Amba).
Para tanto, ele aconselha os pacientes a se
certificarem na associação (tel. 0/xx/11/
5572-1666) se o profissional possui registro de médico e título de acupunturista.
Os riscos do tratamento sem qualidade
vão de infecção, no caso de agulhas não-descartáveis, a perfuração de órgãos.
"Porém o mais grave é o suposto profissional deixar de fazer o diagnóstico de
uma doença grave", afirma Tanigawa. O
perigo reside em mascarar doenças graves, tratando apenas seus sintomas. O
acupunturista que é médico pode diagnosticar as causas do sintoma ou, quando for o caso, saberá encaminhar o paciente a um especialista.
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