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drible a neura
Secretárias abrem o coração
KARINA KLINGER - DA REPORTAGEM LOCAL
"Não aguento quando elas perguntam: "Fulano de onde?"." "E para
que querem saber o assunto? Não têm nada a ver com isso!" Se
essas são algumas das suas idéias a respeito da performance das secretárias, então você deve estar "sofrendo" na mão delas. O que acontece é
que as profissionais costumam ser incompreendidas, e, com isso, todos
acabam se dando mal.
A idéia de que a secretária é sempre
um inimigo em potencial (menos do
seu superior, claro) é, em geral, falsa.
Do outro lado da linha, costuma estar uma profissional estressada por
sofrer pressão de dois lados: do chefe
e das pessoas que procuram o seu
chefe.
A melhor maneira de conseguir o
que se deseja dessa profissional tão
importante para quase todo mundo é
usar e abusar da boa educação. Embora a recomendação seja simples, no
estresse do corre-corre diário, as boas
maneiras às vezes são esquecidas.
Leia abaixo o que secretárias, além
de alguns dos poucos secretários do
mercado (90% da categoria profissional é do sexo feminino), dizem sobre
o que deve ser evitado e o que o interlocutor deve fazer para "ganhá-las".
A primeira lei é não subestimar a
inteligência da secretária. É regra perguntar quem está do outro lado da linha e de onde é a pessoa. Responda,
simplesmente.
O mesmo acontece quando a profissional pergunta o assunto a ser tratado com o superior dela. "Não é uma
questão de curiosidade, mas uma forma de agilizar o trabalho. O nosso
chefe também vai perguntar o assunto e ainda há a possibilidade de a secretária resolver o problema em
questão. Nossa função não se resume
a anotar recados", diz Ligia Storto, secretária de uma agência de publicidade.
No consultório médico, revelar o
assunto é mais fundamental ainda.
"Só assim vou ter a idéia da urgência
do problema. Dependendo do caso,
passo ou não para o médico", diz Maria Ignez Simonsen, que há nove anos
trabalha como secretária em um consultório pediátrico. Além de se identificar pelo telefone, o paciente precisa
dar algumas dicas para ajudá-la.
"Não tenho uma boa memória para
gravar nomes, são tantas as crianças,
que fica difícil saber quem é quem",
conta.
A chantagem, sempre abominável,
não raro é encarada por secretárias
em geral. O interlocutor alega, por
exemplo, que vai mudar de médico se
não conseguir o tal do encaixe na
agenda do dia. "Nem sempre os demais pacientes podem ou querem ceder seus horários. É algo que quase
sempre foge da minha alçada", explica Maria Ignez.
Outro alerta: não confunda a área
de atuação da secretária com as tarefas do chefe dela. Na falta dele, costuma-se apelar para a opinião ou a
orientação da profissional. Marcia Siqueira, por exemplo, que atualmente
dá aulas de ética no curso de secretariado da Univap (Universidade do
Vale do Paraíba), já se viu numa situação desse tipo.
Seu superior estava incomunicável
naquela tarde, e um cliente precisava
resolver um problema crucial: quitar
sua dívida naquele dia ou correr o risco de ser processado. Na falta do advogado, o cliente desesperado começou a pedir conselhos a ela.
"Tentei explicar que isso fugia da
minha área. Não podia me passar por
advogada. Só que ele achou que era
minha obrigação. Saiu bufando da
sala e ainda me culpou pelo possível
final do problema", lembra Marcia.
Outra dica: querida, amor, princesa... Volte e meia elas escutam tratamentos do gênero e se irritam.
Mostrar-se íntimo do chefe na ligação telefônica também costuma pegar mal. Basta dizer que o assunto é
pessoal, dizem as profissionais. Isso
também vale para a família. Saber o
nome da mulher ou do marido, dos
filhos, do pai ou da mãe do (da) chefe
é quase obrigação da secretária. Mas,
quando são os primos, sobrinhos ou
parentes distantes em questão, aí a
história é diferente. Aliás, o assunto
família costuma representar confusão para essas profissionais.
Em reuniões, por exemplo, as secretárias são instruídas pelos chefes
a impedir que sejam incomodados.
Por causa disso, uma profissional
que preferiu não ser identificada enfrentou a ira da mulher do chefe.
"Ela queria as chaves do carro. Só
que o marido -no caso, o meu chefe- estava em uma reunião importantíssima com estrangeiros. Eu não
podia incomodá-lo. No final, sobrou
para mim. Levei bronca da mulher e
dele."
Desabafos ou inquisições à secretária para passar o tempo na sala de
espera são cenas comuns na vida da
profissional. E muitas vezes perigosas. Uma secretária, que preferiu não
ser identificada, conta a história tragicômica da mulher que, interessada
no chefe, fez um questionário sobre a
vida pessoal dele para a secretária. Só
que a secretária era também a mulher do sujeito.
Quem dança com essa história de
fofoca, diz Maria Ignez, é o paciente.
"Tenho uma relação sincera com o
doutor. Se alguém faz algum comentário negativo, certamente um vai
contar para o outro", revela.
Leia na página ao lado uma relação
de dicas para manter uma boa relação com as secretárias. Afinal, delas
pode depender até o final feliz de um
grande negócio.
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