São Paulo, quinta-feira, 10 de agosto de 2000
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s.o.s. família

O ministério adverte e você?

Rosely Sayão

Tem criança demais cometendo pequenos furtos nas escolas. E não vamos relevar: esses furtos não podem ser explicados pelas necessidades não satisfeitas das crianças. Necessidade é comer, beber, dormir. Querer ter algo é outra história e é esse querer desmedido que está na base da maioria desses furtos.
Por que uma criança rouba? Bem, quando a criança bem pequena quer pegar uma coisa, ela simplesmente pega. Ela nem sonha que existe uma outra criança que pode ter a posse do que ela quer, pois ela ainda não sabe que existe posse nem que existe uma pessoa diferente dela. Ela simplesmente quer, e isso basta.
Mas pouco a pouco ela vai aprendendo que tem coisa que ela não tem e ela aprende a pedir. E pode ser esse o começo de tudo: a criança pede, e os pais dão. Por que é que os pais têm dado quase tudo aos filhos? Porque eles podem, porque eles não suportam ver o filho sofrer com a carência, porque eles tentam compensar algo que não podem dar? Talvez, mas o fato é que tem muito pai e mãe que não estão ensinando o filho a conter o seu querer.
É comum criança de pré-escola chegar em casa com algo que não é seu. Ela não furtou, pois ainda não sabe o que é isso, mas nesse momento os pais têm a chance de ensinar que ela não pode nem deve fazer isso. Fazer a criança devolver o que pegou e pedir desculpas pelo que fez é fundamental. Depois que ela aprendeu o que é furtar, um castigo firme também pode ajudar a educar.
E, se a família tem a honestidade como um valor importante, os pais não devem se furtar de transmitir isso ao filho. É assim, aliás é só assim, que a criança aprende a valorizar os princípios morais de sua família. Já a escola não deve moralizar a questão, mas trabalhar o fato de forma coletiva, pois é na escola que a criança aprende a viver em grupo. Claro que não podemos esquecer a influência e a responsabilidade da sociedade em relação aos furtos cometidos pelas crianças e adolescentes. O Ministério da Saúde adverte: "A criança que observa adultos fumando aprende a fumar". O que estamos ensinando às nossas crianças?


ROSELY SAYÃO é psicóloga, consultora em educação e autora de "Sexo é Sexo" (ed. Companhia das Letras); e-mail: roselys@uol.com.br


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