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Ingrediente
Dendê é o segundo óleo veget al mais usado
RACHEL BOTELHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O azeite-de-dendê é invariavelmente associado à culinária
afro-baiana, na qual é
ingrediente indispensável. Empregado em pratos como caruru, vatapá, acarajé, bobó de camarão e abará, ele deixou sua
marca definitiva na Bahia, onde
primeiro aportou, no século 16,
trazido da África por escravos.
O que poucos sabem, no entanto, é que o maior produtor
de óleo de palma -como também é chamado- do país é o
Pará. Responsável por 85% da
produção, o Estado iniciou o
cultivo em escala comercial
tardiamente, em 1967. "Com a
crise energética mundial, o governo passou a incentivar alternativas ao petróleo. Por isso,
plantamos com intenção de explorar o óleo como combustível", afirma Rogério Magalhães
Dias, diretor-presidente da
Denpasa (Dendê do Pará S/A).
Como o Proálcool acabou se
firmando como principal fonte
energética, o dendê foi absorvido pela indústria. De acordo
com a enciclopédia "The Penguin Companion to Food", o
desenvolvimento da indústria
de margarinas, ao longo do século 20, fez a demanda pelo
produto explodir.
As margarinas duras convencionais precisam de uma gordura saturada semi-sólida, que
o óleo de dendê oferece com
muito menos custo e necessidade de processamento que outros óleos vegetais. O resultado,
de acordo com a enciclopédia, é
que, na maior parte das décadas
do século passado, a produção
de óleo de dendê dobrou em relação ao período anterior.
O dendezeiro é uma palmeira
nativa do oeste da África que
pode alcançar até 30 metros de
altura. Em 1848, foi levada a Java, na Ásia, e dali suas sementes
se espalharam pela Indonésia e
pela Malásia. Hoje, de acordo
com dados da FAO (Organização das Nações Unidas para a
Agricultura e a Alimentação),
esses dois países produzem
cerca de 84% do volume mundial. O Brasil é o 11º colocado no
ranking.
Seus frutos, de forma ovalada
e cor que vai do amarelo ao
avermelhado, dão origem a dois
tipos de óleo. O azeite-de-dendê é extraído da polpa, tem sabor doce, cheiro forte e consistência densa.
Além de ser utilizado em receitas culinárias, é aproveitado
pela indústria química e também serve de matéria-prima na
fabricação de maionese, margarina, biscoitos, pães e produtos como sabão, detergente, velas e cosméticos.
No mercado global, sua produção perde apenas para o óleo
de soja. Já o valor calórico é semelhante ao do azeite (72 calorias em uma colher de sopa). E
as contra-indicações são as
mesmas de outras gorduras:
deve ser evitado por pessoas
com colesterol elevado, hipertensão e problemas de fígado.
O óleo de palmiste, por sua
vez, é extraído da castanha do
dendê e utilizado na indústria
cosmética e como substituto da
manteiga de cacau. Do dendezeiro são aproveitados ainda os
cachos vazios, o caroço da castanha e o tronco.
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