São Paulo, quinta-feira, 10 de agosto de 2006
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Ingrediente

Dendê é o segundo óleo veget al mais usado

RACHEL BOTELHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O azeite-de-dendê é invariavelmente associado à culinária afro-baiana, na qual é ingrediente indispensável. Empregado em pratos como caruru, vatapá, acarajé, bobó de camarão e abará, ele deixou sua marca definitiva na Bahia, onde primeiro aportou, no século 16, trazido da África por escravos.
O que poucos sabem, no entanto, é que o maior produtor de óleo de palma -como também é chamado- do país é o Pará. Responsável por 85% da produção, o Estado iniciou o cultivo em escala comercial tardiamente, em 1967. "Com a crise energética mundial, o governo passou a incentivar alternativas ao petróleo. Por isso, plantamos com intenção de explorar o óleo como combustível", afirma Rogério Magalhães Dias, diretor-presidente da Denpasa (Dendê do Pará S/A).
Como o Proálcool acabou se firmando como principal fonte energética, o dendê foi absorvido pela indústria. De acordo com a enciclopédia "The Penguin Companion to Food", o desenvolvimento da indústria de margarinas, ao longo do século 20, fez a demanda pelo produto explodir.
As margarinas duras convencionais precisam de uma gordura saturada semi-sólida, que o óleo de dendê oferece com muito menos custo e necessidade de processamento que outros óleos vegetais. O resultado, de acordo com a enciclopédia, é que, na maior parte das décadas do século passado, a produção de óleo de dendê dobrou em relação ao período anterior.
O dendezeiro é uma palmeira nativa do oeste da África que pode alcançar até 30 metros de altura. Em 1848, foi levada a Java, na Ásia, e dali suas sementes se espalharam pela Indonésia e pela Malásia. Hoje, de acordo com dados da FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação), esses dois países produzem cerca de 84% do volume mundial. O Brasil é o 11º colocado no ranking.
Seus frutos, de forma ovalada e cor que vai do amarelo ao avermelhado, dão origem a dois tipos de óleo. O azeite-de-dendê é extraído da polpa, tem sabor doce, cheiro forte e consistência densa.
Além de ser utilizado em receitas culinárias, é aproveitado pela indústria química e também serve de matéria-prima na fabricação de maionese, margarina, biscoitos, pães e produtos como sabão, detergente, velas e cosméticos.
No mercado global, sua produção perde apenas para o óleo de soja. Já o valor calórico é semelhante ao do azeite (72 calorias em uma colher de sopa). E as contra-indicações são as mesmas de outras gorduras: deve ser evitado por pessoas com colesterol elevado, hipertensão e problemas de fígado.
O óleo de palmiste, por sua vez, é extraído da castanha do dendê e utilizado na indústria cosmética e como substituto da manteiga de cacau. Do dendezeiro são aproveitados ainda os cachos vazios, o caroço da castanha e o tronco.


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