São Paulo, quinta-feira, 11 de julho de 2002
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coluna social

ONG tira crianças da rua e "joga" no mar

Leonardo Rodrigues, 13, que já abocanhou a taça de Campeão Estadual Estreante, é um dos minivelejadores que têm levado vários prêmios importantes nos últimos anos para orgulho de seus treinadores: ninguém menos do que os irmãos Grael, supercampeões olímpicos. O lobinho do mar é um dos 3.500 velejadores formados pelo Projeto Grael, projeto social criado pelo recordista brasileiro de medalhas olímpicas e pentacampeão da vela Torben Grael, 41, pelo campeão olímpico Lars Grael, 36, por Axel Grael, 43, e por Marcelo Ferreira, 33, que faz dupla com Torben.
   
Há quatro anos, o projeto tira a garotada da rua e "joga" na água em Niterói, no Rio de Janeiro. "Sempre fui inconformado em praticar um esporte dito de elite. Um fim social vem sendo atendido com esse projeto ao levar o conhecimento da cultura náutica para quem nunca teve acesso a ele", diz Lars Grael. As crianças saem do projeto prontas para trabalhar como marinheiros em barcos de pesca e de recreio.
   
Embora o objetivo principal não seja formar atletas, os alunos com melhor desempenho são encaminhados para a equipe de competição do projeto e para clubes náuticos.
   
Para participar do projeto, os meninos e meninas devem ter de nove a 14 anos e estar matriculados numa escola pública. Logo de cara avalia-se se sabem nadar. Como a maioria não arrisca nem o nado cachorrinho, o projeto criou uma escolinha de natação. Quando estão craques nas braçadas, os alunos são promovidos para o curso básico de vela. Após quatro meses de aulas teóricas e práticas, a garotada sai fera na arte de dar nós de marinheiro, de conhecer a posição do vento e de montar, velejar e desvirar o barco Optmist, projetado para crianças. "Esse aprendizado gera autoconfiança. É um esporte de decisão, estratégico, é ele e o mar", diz Axel Grael.
   
Quem vai bem passa para o estágio avançado e sai com carteira de veleiro amador dada pela Capitânia dos Portos, a primeira habilitação que uma criança pode tirar.
   
Além de aprender a velejar e a cuidar de um barco, os pimpolhos aprendem noções de primeiros socorros e de resgate, a pescar com linha, rede e tarrafa e a cozinhar. E ecologia é inerente ao curso: "Fazemos caminhadas para catar lixo e, quando pescamos um peixinho pequeno que não serve para comer, ensinamos a soltá-lo", diz a professora de vela Cintia Knoth. "Eles aprendem a interpretar a natureza, os ventos, as nuvens, e transferem essas informações para a vida", diz Axel Grael.
   
"Perdi todos os meus medos. Tinha muito medo de velejar, depois fui até para o campeonato estadual no ano passado", diz Luciana Oliveira, 13, há quatro anos no projeto.


Projeto Grael Niterói: tel. 0/xx/21/ 2610-4651



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