São Paulo, quinta-feira, 11 de setembro de 2008
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"Hoje a dor passou e tenho essa história para contar"

Quando foi para a Olimpíada de Pequim competir na prova de estrada, o ciclista brasileiro Luciano Pagliarini, 30, tinha a expectativa de ficar entre os dez primeiros colocados. Chegou em 90º lugar, mas se considera um vitorioso e tem recebido tratamento de herói. Também, pudera: foram 250 km -7h e 11 minutos- com um cálculo no ureter esquerdo, causando dor na região apoiada no selim.A primeira cólica, fraca, começou na chegada à Vila Olímpica. Como não havia tempo para retirar a pedra, o jeito foi tomar muita água e "rezar para tudo quanto é santo" para que ela saísse sozinha.
Não deu certo, e os médicos recomendaram que ele não competisse. "Eu não aceitei. Era a minha segunda Olimpíada, poderia ser a última. Até cogitava abandonar a prova no meio, mas queria tentar."
No dia, Luciano foi medicado contra a dor, dentro dos limites das regras antidoping, e cortou parte da espuma do selim, deixando um buraco no lado esquerdo para diminuir o apoio no lado dolorido.
Mesmo assim, a dor foi intensa. "O mais fácil seria ter desistido, mas vi naquilo a oportunidade de fa-zer uma coisa grande. Hoje, a dor já passou e tenho essa história para contar", afirma. Dos 180 ciclistas que largaram, 70 desistiram antes do final.
Depois que chegou à Itália, onde mora, Luciano expeliu a pedra do ureter, mas ainda tem outra no rim.


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