São Paulo, quinta-feira, 11 de setembro de 2008
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PERGUNTAS E RESPOSTAS


[?] esporte e isotônico
Por estimular a circulação do sangue e a filtração do rim, o esporte é benéfico para quem tem propensão a cálculos, com uma condição: a de que a hidratação seja adequada. O isotônico não forma cálculo, mas não é a melhor bebida para repor os líquidos. Prefira água de coco, que ajuda a evitar cálculos


1 - POR QUE OS CÁLCULOS SE FORMAM?
A urina contém partículas de cristal, que são eliminadas e não causam problemas. Quando esses cristais se precipitam e se aglomeram uns nos outros, ocorre a formação de cálculos. Eles são feitos de sais de cálcio, mas há também os de carbonato ou fosfato de cálcio. Há ainda pedras de estruvita, ácido úrico e cistina. Os cálculos se formam devido a alterações do metabolismo, que fazem com que o rim ex-crete maior quantidade de cálcio ou de oxalato na urina.

2 - HÁ FATORES GENÉTICOS ENVOLVIDOS?
Sim. É muito comum ter na mesma família pessoas com o problema. Ainda não se sabe exatamente qual gene é o res-ponsável -o provável é que não seja apenas um.

3 - SÃO MAIS COMUNS EM ALGUMA FAIXA ETÁRIA?
Os cálculos aparecem com mais freqüência em pessoas jovens, tendo seu pico de incidência na segunda e na terceira décadas de vida. Mas podem atingir crianças.

4 - QUE TAMANHO PODEM TER?
Podem ser tão pequenos quanto um grão de areia ou atingir a dimensão de bolas de golfe. O mais comum é que meçam de 3 mm a 1 cm.

5 - TÊM A VER COM PEDRA NA VESÍCULA?
Não. Os cálculos na vesícula, ou biliares, são compostos por colesterol. Entre as razões para seu aparecimento, estão defeitos no funcionamento desse órgão, que faz parte das vias biliares, pertencentes ao aparelho digestivo. Pessoas com dieta rica em gordura correm mais risco. Enquanto o cálculo renal sai sozinho ou é retirado, quem tem cálculo biliar precisa retirar a vesícula toda.

6 - OS CÁLCULOS SEMPRE CAUSAM DOR? OS MAIORES DOEM MAIS?
Não. A dor ocorre quando a pedra se move do rim para o ureter, que tem de 3 mm a 6 mm. A cólica não decorre da passagem da pedra no canal, mas da obstrução, mesmo que parcial, da passagem da urina, o que causa aumento da pres-são e até dilatação no rim. Esse aumento da pressão no rim é que gera a dor. Ou seja, quando a pedra está parada no rim, costuma ser assintomática. As maiores nem sempre doem mais. Na verdade, as maiores se movimentam me-nos e dão menos dor. Já as pequenas se soltam em direção ao ureter com mais facilidade, causando a obstrução que gera a cólica.

7 - COMO É A CÓLICA RENAL?
É súbita, costuma começar nas costas, de um lado só, e não é aliviada com a mudança de posição. Pode irradiar para o testículo, no homem, ou para o grande lábio, na mulher. A dor pode ser intermitente e algumas pessoas vomitam ou têm enjôo. Também há quem urine com freqüência ou fique com a urina escura, devido à presença de sangue. Em alguns casos, pode haver infecção urinária associada, gerando febre e calafrios: essa é uma situação grave, pois há risco de que a infecção se espalhe pelo organismo.

8 - É VERDADE QUE É A DOR MAIS FORTE QUE EXISTE?
É considerada uma das mais intensas, com a da pancreatite, a do glaucoma e a do parto. Muitas vezes, exige analgésicos poten-tes, como opióides (entre eles, a morfina). Na hora da crise, o importante é aliviar a dor do paciente e, depois, ver como agir em relação ao cálculo.

9 - QUAL É A CHANCE DE TER DE NOVO?
Quem teve um episódio de cálculo renal tem 60% de chance de formar mais um, 30% de ter um terceiro e 10% de ter ainda um quarto -tudo isso em um período de cinco anos.

10 - QUE EXAMES DEVEM SER FEITOS?
Ultra-som ou raio-X, mas eles têm limitações: no primeiro, não costumam aparecer cálculos que estão no meio do ureter e, no segundo, pedras de ácido úrico. A tomografia computadorizada é considerada um exame mais completo.

11 - EM QUE CASOS A PEDRA SAI NATURALMENTE E QUANDO É PRECISO UMA INTERVENÇÃO?
Cálculos de até 0,5 cm saem sozi-nhos. Os que medem de 0,5 cm a 1 cm podem ou não sair e devem ser acompanhados pelo médico para decidir se é preciso intervir. Os de mais de 1 cm raramente saem sozinhos. No caso de cálculos maiores, deve-se recorrer a procedimentos intervencionistas quando existe alguma complicação ou quando não se consegue controlar a dor do paciente.

12 - A PESSOA DEVE GUARDAR A PEDRA?
O ideal é que sim, para que sua composição seja avaliada, o que ajuda a detectar por que houve a formação do cálculo, se há distúrbios metabólicos etc. O problema é que, segundo a nefrologista Ita Heilberg, as análises químicas que normalmente são feitas são poucos informativas. O ideal seria uma análise cristalográfica, feita por um geólogo, mas ela está disponível em poucos locais -na cidade de São Paulo, por exemplo, não há.

13 - O QUE É UMA AVALIAÇÃO METABÓLICA?
É uma análise feita com base em exames de sangue e de urina para verificar se o paciente tem algum desequilíbrio metabólico. Com os resultados, o médico pode propor um tratamento individualizado para prevenir novas pedras -em alguns casos, são indicados remédios para corrigir o problema. Crianças, pacientes que só têm um rim e pessoas com cálculos recorrentes ou história familiar significativa do problema são alguns dos candidatos à avaliação.

14 - QUE COMPLICAÇÕES O CÁLCULO PODE CAUSAR?
Quando um cálculo obstrutivo se associa a uma infecção do trato urinário, pode ocorrer um tipo de infecção chamado pielonefrite aguda, que, em alguns casos, leva à morte. Em cálculos grandes nos quais o tratamento não é completo, pode ocorrer obstrução do ureter por fragmentos da pedra, que, se prolongada, pode até levar à atrofia do rim.

15 - CHÁ DE QUEBRA-PEDRA E PEDRIM FUNCIONAM?
O Pedrim, ou essência de terebentina, é um anti-séptico urinário e, segundo os especialistas, não há estudos provando que tenha efeito contra cálculos renais. Já o popular chá de quebra-pedra, ou Phyllanthus niruri, não "quebra" o cálculo, mas, segundo estudos da Unifesp, há indícios de que ele pode dilatar o ureter, facilitando a eliminação das pedras. Pesquisas em ratos e em células mostram também que ele inibe a agregação de cristais, fazendo o cálculo crescer menos. E já foi provado que a planta não é tóxica. O único problema é saber se o que se toma é mesmo o chá de quebra-pedra -é difícil ter garantia sobre a procedência nesses casos.


Fontes: CÁSSIO ANDREONI, urologista do Hospital Albert Einstein e da Unifesp; CLÁUDIO BRESCIANI, gastrocirurgião do Hospital Alemão Oswaldo Cruz; FLÁVIO TRIGO ROCHA, do núcleo avançado de urologia do Hospital Sírio-Libanês e do Hospital das Clínicas da USP; ITA PFEFERMAN HEILBERG, professora da disciplina de nefrologia e coordenadora do Ambulatório de Litíase da Unifesp; NELSON GATTÁS, coordenador do comitê de litíase da Sociedade Brasileira de Urologia e professor da Unifesp


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