São Paulo, terça-feira, 11 de outubro de 2011
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'O teatro foi um tratamento de choque'

Luiza Sigulem/Folhapress
Daniel Costa, que se considera um ex-tímido, em sua casa, em São Paulo

Fui tímido desde os seis anos até a adolescência, hoje não me considero. Eu queria passar batido, ficava com o ombro fechado, meio corcunda. Era um casulo.
Não fazia amizades, observava os outros. O contato mais próximo era só na hora de fazer trabalho de escola. A timidez não me deixava nem tirar dúvida de matemática, era sofrido. Lembro de um trabalho de ciências: todo mundo tinha que apresentar lá na frente. Eu tremi, suei. Riram da minha cara. Naquele dia tive consciência de que a timidez me prejudicava. Com 17, me matriculei no teatro. Tive medo no primeiro exercício. Mas a primeira aula foi um nascimento.
Demorei para ter um relacionamento, foi só no teatro. Antes, era só coisa platônica. O teatro foi um tratamento de choque. Quando você se dá conta, vê que está estreando uma peça para 50 pessoas. Uma hora dá de cara com plateia de mil pessoas.
No meu caso, a timidez me deu sensibilidade para olhar os outros. Pude trabalhar a introspecção através da arte. Apesar de estar mais desinibido, ainda tenho um pé atrás com novos amigos, relacionamentos, trabalho. Hoje deve ser ainda pior para o tímido. Não dá para se isolar: se você está em casa, precisa estar online.

Daniel Costa, 36, é ator


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