São Paulo, quinta-feira, 12 de abril de 2007
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Mudança de planos

Quando foram adotados, há um ano, os irmãos Jaqueline, 5, e Douglas, 4, não ganharam só novos pais, mas uma família inteira. O analista de sistemas Roberto de Paula Beda, 41, e a dona-de-casa Regina Amano Beda, 45, já tinham dois filhos biológicos: Lucas, na época com 13 anos, e Marcelo, com 14.
No início, a intenção era pedir um bebê do sexo feminino. Depois que se informaram sobre a realidade das crianças disponíveis, aumentaram a idade para três anos e meio.
Para Roberto, o tempo que dura o processo de adoção -no caso deles, dois anos- é útil. "Nossos pais não são obrigados a adotar como netos, nem nossos irmãos como sobrinhos. Nesse período de espera, as resistências foram caindo."
No começo, a adaptação foi uma "lua-de-mel" com a nova família. Depois, a aceitação de que nem tudo é como se imaginava. "A criança que vive no abrigo não sabe o que é uma família. Ela fantasia, acha que os pais farão suas vontades. Os pais também idealizam. A convivência joga um pouco de água fria em todo mundo", diz o pai.
A criança pode querer "testar" até onde vai o vínculo. "Ela já tem a marca do abandono, não confia nos adultos e pode se comportar mal. É uma fase que exige paciência", diz o pai. "Tem de querer de coração, se não você desiste. Para eles, também é difícil", diz Regina.
Segundo o casal, em menos de seis meses, Jaqueline e Douglas já se consideravam da família. "Não conseguimos imaginar como seria a vida sem eles em casa", diz Roberto.


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