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Mudança de planos
Quando foram adotados, há
um ano, os irmãos Jaqueline, 5,
e Douglas, 4, não ganharam só
novos pais, mas uma família inteira. O analista de sistemas
Roberto de Paula Beda, 41, e a
dona-de-casa Regina Amano
Beda, 45, já tinham dois filhos
biológicos: Lucas, na época
com 13 anos, e Marcelo, com 14.
No início, a intenção era pedir um bebê do sexo feminino.
Depois que se informaram sobre a realidade das crianças disponíveis, aumentaram a idade
para três anos e meio.
Para Roberto, o tempo que
dura o processo de adoção -no
caso deles, dois anos- é útil.
"Nossos pais não são obrigados
a adotar como netos, nem nossos irmãos como sobrinhos.
Nesse período de espera, as resistências foram caindo."
No começo, a adaptação foi
uma "lua-de-mel" com a nova
família. Depois, a aceitação de
que nem tudo é como se imaginava. "A criança que vive no
abrigo não sabe o que é uma família. Ela fantasia, acha que os
pais farão suas vontades. Os
pais também idealizam. A convivência joga um pouco de água
fria em todo mundo", diz o pai.
A criança pode querer "testar" até onde vai o vínculo. "Ela
já tem a marca do abandono,
não confia nos adultos e pode
se comportar mal. É uma fase
que exige paciência", diz o pai.
"Tem de querer de coração, se
não você desiste. Para eles,
também é difícil", diz Regina.
Segundo o casal, em menos
de seis meses, Jaqueline e Douglas já se consideravam da família. "Não conseguimos imaginar como seria a vida sem eles
em casa", diz Roberto.
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