São Paulo, terça-feira, 12 de julho de 2011
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CORRIDA

RODOLFO LUCENA - rodolfo.lucena@grupofolha.com.br

A São Silvestre é sua


Para uns, é um sonho a perseguir; para outros, um desafio a enfrentar, uma punição a sofrer, uma promessa a pagar

Quando eu era guri, já lá se vão várias décadas, a comilança do Réveillon na casa de minha avó só era liberada depois da São Silvestre. O televisor preto e branco, com a antena devidamente turbinada com chumaços de palha de aço, dominava a sala, e a netalhada toda ficava acompanhando aqueles caras correndo como doidos em algum lugar distante. Deviam ser muito importantes, pois sem eles não tinha Ano Novo.
A São Silvestre sempre foi mais do que uma corrida. Para alguns, é um sonho a perseguir; para outros, um desafio a enfrentar, uma punição a sofrer, uma promessa a pagar. Ou um farol que não só anuncia a mudança de ano mas também convoca o vivente a mudar de vida, a se renovar, a enfrentar a preguiça, a virar um atleta.
Pois são atletas todos eles que se metem a enfrentar o verão paulista, o asfalto derretendo, o fedor das avenidas, a subida interminável, os quilômetros que se arrastam.
Reclamações de todo o tipo, mas a cada ano eles estão lá de novo, e com eles outros tantos que se achegam, tateando, tentando ver se conseguem, se podem, se são capazes.
Aposto que você também já se perguntou isso. Pois aqui está a resposta: você pode, você consegue, você é capaz de correr a São Silvestre. Digo isso baseado em consultas que fiz com vários especialistas em corrida, treinadores de sujeitos comuns, amadores, e de corredores profissionais, atletas olímpicos.
Se você estiver bem de saúde, ainda que um pouco gordinho e fora de forma, estes cinco meses e pouco que faltam até a São Silvestre, no dia 31 de dezembro, são suficientes para você se levantar da cadeira, treinar um pouco e ficar na ponta dos cascos para, pelo menos, completar a prova no tempo-limite.
O mais importante, me dizem os técnicos, é você estar muito a fim de conseguir isso. Estar disposto a mexer no seu ritmo de vida e a encarar os treinos com seriedade e determinação. E ter a consciência de que, mesmo assim, não há garantias de que o objetivo será alcançado. O que não é exatamente um problema, pois você terá começado a construir uma nova perspectiva de vida.
Para começar, dê o primeiro passo. Os treinadores que consultei contribuem com dicas preciosas para curiosos, debutantes e experientes (leia no meu blog: maiscorrida.folha.com.br). Use a São Silvestre como a pedra fundamental de sua revolução. E meta o pé no asfalto que ele é seu e ninguém tasca.

RODOLFO LUCENA, 54, é editor do blog +Corrida (maiscorrida.folha.com.br), ultramaratonista, autor de "Maratonando, Desafios e Descobertas nos Cinco Continentes" (Record)


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