São Paulo, terça-feira, 12 de outubro de 2010
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ANÁLISE

Só não vale 'terceirizar' tudo

GABRIELA ROMEU
EDITORA-ASSISTENTE DA FOLHINHA

O que é mania, moda ou tendência no mundo dos adultos cada vez mais respinga no universo infantil.
Foi assim com a prática de corridas, na maratona intensa para escapar do sedentarismo e trilhar uma vida mais saudável - só para citar uma das últimas ondas.
Pipocaram, então, eventos de corrida para crianças. Meninos e meninas que, muitas vezes mal tinham tempo e espaço para brincar, disparavam em competições patrocinadas por empresas que, no final, distribuíam sucos de fruta (em caixinhas).
Agora é a vez do paladar infantil. Meninas e meninos vão à cozinha -mas não à cozinha de sua própria casa.
Na moda de aprender a cozinhar sopas, bolinhos e outros lanchinhos, as crianças exploram o imaginário, as habilidades motoras e a degustação, em cursos e oficinas de gastronomia.
Também provam (e, quem sabe, aprovam) uma turma de alimentos que nem sempre frequenta pratos infantis: abobrinhas e companhia.
Sim, aquelas que rejeitam qualquer "verdinho" têm então a chance de manusear e saborear tais alimentos. A experiência, no entanto, não substitui ainda memórias familiares ligadas ao paladar.
Bacana aprender a fazer bolinho num curso divertido, mas nada mais marcante do que se lembrar do cheiro do bolo feito por (ou com) alguém especial.
Assim, parece que a família terceiriza momentos que rendem as melhores lembranças sinestésicas, cultivadas durante a infância, quando, segundo Nina Horta, colunista da Folha, "os cheiros entram pelo cérebro".
A saída? Abrir a porta da cozinha de casa, reunir os filhos para picar os legumes de um refogado, temperar a salada, mexer a massa do bolo -e, depois, o melhor de tudo, lamber a colher.


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