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ANÁLISE
Só não vale 'terceirizar' tudo
GABRIELA ROMEU
EDITORA-ASSISTENTE DA FOLHINHA
O que é mania, moda ou
tendência no mundo dos
adultos cada vez mais respinga no universo infantil.
Foi assim com a prática
de corridas, na maratona intensa para escapar do sedentarismo e trilhar uma vida
mais saudável - só para citar
uma das últimas ondas.
Pipocaram, então, eventos
de corrida para crianças. Meninos e meninas que, muitas
vezes mal tinham tempo e espaço para brincar, disparavam em competições patrocinadas por empresas que, no
final, distribuíam sucos de
fruta (em caixinhas).
Agora é a vez do paladar
infantil. Meninas e meninos
vão à cozinha -mas não à
cozinha de sua própria casa.
Na moda de aprender a cozinhar sopas, bolinhos e outros lanchinhos, as crianças
exploram o imaginário, as
habilidades motoras e a degustação, em cursos e oficinas de gastronomia.
Também provam (e, quem
sabe, aprovam) uma turma
de alimentos que nem sempre frequenta pratos infantis:
abobrinhas e companhia.
Sim, aquelas que rejeitam
qualquer "verdinho" têm então a chance de manusear e
saborear tais alimentos. A experiência, no entanto, não
substitui ainda memórias familiares ligadas ao paladar.
Bacana aprender a fazer
bolinho num curso divertido,
mas nada mais marcante do
que se lembrar do cheiro do
bolo feito por (ou com) alguém especial.
Assim, parece que a família terceiriza momentos que
rendem as melhores lembranças sinestésicas, cultivadas durante a infância, quando, segundo Nina Horta, colunista da Folha, "os cheiros
entram pelo cérebro".
A saída? Abrir a porta da
cozinha de casa, reunir os
filhos para picar os legumes
de um refogado, temperar a
salada, mexer a massa do
bolo -e, depois, o melhor de
tudo, lamber a colher.
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