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s.o.s. família
Pré-adolescente não existe
ROSELY SAYÃO
COLUNISTA DA FOLHA
"Como educar os filhos
se eles não vêm com
manual de instruções?", comentava com uma certa
dose de irônico bom humor e angústia uma mãe cheia de dúvidas a
respeito de como proceder com o
filho considerado pré-adolescente.
Dúvida é o que não falta aos pais
de crianças entre 9 e 12 anos, chamados agora por esse pomposo
nome. "A que tipo de festa um pré-adolescente pode ir?", "Ele pode
sair só com os amigos?", "Devo deixar meu filho pré-adolescente namorar?" são alguns exemplos. Até as próprias crianças já se consideram pré-adolescentes! E como sabem usar bem esse argumento os espertinhos quando se trata de conseguir o que querem...
Aqui vale uma reflexão. Eles querem namorar, ir ao shopping só com
a turma, ir a festas dançar no escurinho, e eles querem mais, muito
mais. Querem mesmo? Ou simplesmente foram arrancados à força da
infância e, por isso, acreditam que devem se comportar dessa forma?
Lembro-me da mãe que já esperava uma guerra quando o filho, um
garoto que sabe brigar pelo que quer, pedisse para ir ao shopping no
sábado à tarde com os amiguinhos, perto dos 11 anos. Para surpresa
dela, quando ele fez o esperado pedido e não ganhou a autorização,
reagiu com a maior naturalidade, aceitando quase de pronto. Por quê?
Talvez porque não quisesse ir. Mas é mais viável para a criança aceitar que não vai fazer isso ou aquilo porque os pais não deixam do que
dizer que não gosta ou que não quer. Claro que alguns vão, mesmo,
querer. Mas nem tudo o que eles querem é, de fato, o que eles precisam! Uma criança de 9 a 12 anos continua sendo uma criança, mesmo
neste mundo que muda rapidamente, que é moderno e que limita tanto a vida das crianças. Os pais não podem creditar aos filhos dessa idade uma responsabilidade que eles ainda não têm condição de exercer.
Cabe aos pais poupar essas crianças de uma entrada precipitada na
adolescência. Dizer não para uma criança que quer se comportar como adolescente antes da hora pode ser sofrido. Tanto para a criança
como para os pais. Mas é educativo.
Terminar bem a infância é um passo para começar bem a adolescência. Viver cada fase da vida com equilíbrio: para aprender isso, as
crianças dependem dos pais.
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