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S.O.S. Família
Rosely Sayão
Papel dos pais e da escola
Os assuntos trazidos
pelos leitores nas
correspondências
são diversos. Mães e
pais falam de seus problemas
cotidianos, contam como é o
relacionamento com os filhos e
comentam as dificuldades e os
êxitos. Também questionam
suas próprias decisões e pedem
ajuda nessa tarefa tão árdua
quanto solitária de educar. Mas
há um tema campeão de ocorrência: a vida escolar.
Os pais estão bastante ocupados com os estudos. Eles perdem a tranqüilidade quando os
filhos não rendem o que poderiam, querem saber como motivá-los para as atividades escolares e para as extracurriculares, acompanham as lições de
casa, estudam com os filhos,
pesquisam e até fazem trabalhos com e, às vezes, para eles.
Uma preocupação constante
é com a decisão que tomaram
ao escolher a instituição escolar. Essa escolha, aliás, é permanentemente posta em dúvida. Cada vez que eles discordam de um passo da escola,
acham que devem reavaliar a
decisão. Essa postura provoca
insegurança em todos os envolvidos: pais e filhos.
Em tempos de crise nas escolas particulares, elas também
ficam inseguras com suas atitudes, porque temem descontentar os pais e, desse modo, perder alunos. Prova disso são os
artifícios que algumas escolas
encontram para garantir boas
notas no boletim quando, na
verdade, os resultados das avaliações nem sempre são bons.
A questão que devemos pensar é: por que tanta pressão sobre a vida escolar dos filhos?
Por que tanto empenho na tentativa de que os filhos apresentem bom rendimento escolar?
Certamente muitos pais têm
resposta pronta a essas perguntas. Eles dizem que se preocupam com o êxito escolar do filho porque querem que ele tenha as melhores condições para enfrentar o futuro. Mas será
que a busca do bom rendimento constrói essa possibilidade?
Enfrentar a escola com todas
as obrigações é uma tarefa difícil para crianças e adolescentes.
Além de aprenderem a se concentrar e a acompanhar as explicações dos professores, os
mais novos nem sempre são
compreendidos, não raramente sofrem pequenas injustiças,
enfrentam dissabores e, quase
inevitavelmente, defrontam-se
com fracassos. Será que a melhor lição a aprender nessa fase
não seria justamente enfrentar
essas batalhas sozinhos, sem a
companhia constante dos pais?
Mas os pais, pressionados pelas escolas, têm exigido o máximo dos filhos. Quando as crianças não rendem o esperado, em
vez de serem encorajadas pelos
pais a uma maior dedicação, recebem como resposta a manifestação do descontentamento,
e isso provoca um afastamento
em relação aos pais. Quando isso ocorre, os pais se julgam na
obrigação de acompanhar mais
de perto ainda a vida escolar e
passam a dedicar a isso quase
todo o tempo que têm.
O fato é que essa importância
exagerada que os pais têm dado
aos estudos dos filhos tem provocado um efeito desastroso.
As crianças não têm aprendido
mais, não têm criado gosto pelo
conhecimento, não têm se esforçado para vencer seus desafios escolares. E ainda fica uma
questão: como os pais se dedicam tanto ao rendimento dos
estudos dos filhos, outras áreas
da formação das crianças e dos
jovens ficam descobertas. Alguns exemplos são: o ensino de
algumas virtudes, a educação
moral e ética, a conquista da
autonomia possível e o ensino
ao amor à vida, em todos os
sentidos que isso implica.
A escola reclama que os pais
delegam a ela muitas coisas que
não dizem respeito a seu trabalho. É verdade. Mas, se ela responsabilizar menos os pais pelo
comportamento do filho no espaço escolar, talvez eles possam se dedicar mais intensamente àquilo que mais lhes diz
respeito na educação dos filhos.
[?] A questão que devemos pensar é: por que tanta pressão sobre a vida escolar dos filhos?
ROSELY SAYÃO é psicóloga e autora de "Como Educar Meu Filho?" (ed. Publifolha)
roselysayao@folhasp.com.br
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