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Rosely Sayão
Papai Noel existe?
A mãe de uma garota
com quase seis anos
quer saber quando
deve dizer à filha que
Papai Noel não existe. Outra
leitora, que não comemora o
Natal por motivos religiosos,
pergunta se os filhos -com menos de cinco anos- sofrem com
essa diferença, já que até na escola o assunto do momento é a
expectativa com a data. Outra
quer saber se deve pedir aos familiares que não dêem brinquedos eletrônicos aos filhos, já
que ela não os considera adequados. Pois bem: vamos pensar a respeito de questões que
afligem tantos pais nesta época.
O primeiro ponto a se levar
em conta é que a primeira infância, que dura aproximadamente seis anos, é um período
vivido de modo mágico. A imaginação nessa fase é fantasiosa,
o mundo real tem menor peso
do que o mundo do faz-de-conta e a relação com a vida é totalmente lúdica. É por isso que as
figuras míticas fazem sucesso
entre crianças dessa idade.
A passagem de uma fase para
a outra não é repentina: é com
suavidade que a criança se despede da primeira infância para
entrar na vida marcada pelos
signos do mundo adulto. Deixar de acreditar em Papai Noel
é só um sinal que ela dá de seu
crescimento, e ela própria
anuncia aos pais a hora certa
para ter suas suspeitas confirmadas. A filha de nossa leitora,
por exemplo, disse: "Mãe, Papai Noel não existe, mas a fada
dos dentes existe, não é?"
O que a criança pede aos pais
é simples: o acompanhamento
do ritmo em que trilham essa
passagem. Para tanto, basta os
adultos ouvirem os filhos com
atenção. Eles dão as dicas.
O segundo ponto a se considerar é que, para os filhos, as referências que os pais lhes dão
com segurança e coerência é
que valem. Assim, as crianças
cujas famílias não comemoram
o Natal até podem enfrentar
frustrações, mas essas vivências fazem parte da formação
de sua identidade. Aliás, reconhecer as diferenças e vivê-las é
um passo importante para a
criança aprender a se respeitar
como é e a respeitar os outros.
Finalmente, vamos pensar
sobre os presentes. Será que os
pais devem chegar ao ponto de
controlar o que as crianças ganham? Alguns, como nossa leitora, têm a intenção clara de, ao
restringir eletrônicos, garantir
um estilo de vida infantil aos filhos. Outros, como um que solicitou que não dessem roupas,
querem evitar que estes se decepcionem com o que ganham.
O fato é que é no cotidiano de
convívio com os filhos que os
pais precisam tomar suas providências e passar seus valores.
Assim, se os filhos ganham algo
que os pais não consideram
adequado e não querem que ele
use definitiva ou temporariamente, basta comunicar a decisão, que pode ser a de guardar o
objeto até o momento em que
julguem que o filho possa usar.
Quanto aos brinquedos, temos dado importância exagerada a eles. É preciso considerar que eles servem apenas de suporte para as brincadeiras, e
que estas sim é que importam.
As atitudes dos pais frente a
tais situações são simples e
sensatas, mas costumam gerar
protestos dos filhos. Normal:
afinal, educar supõe mesmo desagradar aos mais novos, lembram-se disso?
ROSELY SAYÃO é psicóloga e autora de "Como
Educar Meu Filho?" (ed. Publifolha)
roselysayao@folhasp.com.br
blogdaroselysayao.blog.uol.com.br
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