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Ingrediente
Espinafre prejudica a absorção de ferro
RACHEL BOTELHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
G
raças ao marinheiro
Popeye, personagem
que recorre a uma lata de espinafre quando precisa reunir forças para
enfrentar o vilão Brutus, até as
crianças pensam que a verdura
é uma boa fonte de ferro. O que
os pequenos e muitos adultos
não sabem é que a disponibilidade desse mineral para o organismo é bastante limitada.
"O ácido oxálico presente no
espinafre forma sais insolúveis
com o ferro e também com o
cálcio, dificultando a absorção
dos dois minerais", afirma a nutricionista Lara Cunha, da USP
(Universidade de São Paulo).
Segundo ela, a verdura contém muita fibra, vitaminas A, C
e do complexos B, potássio e
magnésio, além de ser considerada laxativa e diurética, mas
não deve ser consumida por
pessoas com deficiência de ferro ou propensão a formar cálculos renais, também devido ao
grande teor de ácido oxálico.
Jocelem Mastrodi Salgado,
professora da Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de
Queiroz da USP) e presidente
da SBAF (Sociedade Brasileira
de Alimentos Funcionais), é
mais radical e recomenda banir
a verdura da dieta.
Ela cita uma pesquisa feita na
faculdade em 2004, que buscava avaliar a biodisponibilidade
de cálcio em folhas de couve-manteiga, couve-flor e espinafre, mas acabou por apontar a
toxicidade da hortaliça.
"Os ratos alimentados com
espinafre morreram na primeira semana de experiência, de
disfunção renal. Usamos plantas sem agrotóxicos e as cozinhamos. O resultado se repetiu", diz. "Não é só a presença
de ácido fítico e oxálico que
preocupa. Há outras substâncias que podem ter causado a
morte dos animais e um episódio de morte de vários recém-nascidos alimentados com leite
e espinafre, em 1951, nos EUA.
Claro que existe a suscetibilidade individual, mas, diante do
incerto, é melhor substituir."
Curiosamente, essa planta
nativa da Pérsia (atual Irã) começou a ser usada com fins medicinais, por seu efeito laxativo.
Para os céticos, vale lembrar
que o espinafre pode ser servido cru, em saladas, ou cozido,
em cremes, sopas, omeletes e
suflês. Antonio e Priscilla Carluccio, autores de "Cozinha Italiana Completa" (ed. Globo),
sugerem cozinhá-lo rapidamente em pouca água, escorrer
o excesso e temperar com azeite extravirgem e suco de limão.
"Fica muito bom misturado à
ricota e ao parmesão e usado
para rechear "crespelle" (pequenas panquecas), ravióli ou
grandes "conchiglioni"."
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