São Paulo, terça-feira, 14 de junho de 2011
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CORRIDA

RODOLFO LUCENA rodolfo.lucena@grupofolha.com.br

Cuidados para correr no frio sem se machucar


Quando a temperatura despenca, forçamos o ritmo para continuar quentes, e é aí que surgem novos recordes


O deserto de Mojave, nos Estados Unidos, abriga alguns dos pontos mais quentes do planeta. No inverno, porém, as coisas são diferentes, e os termômetros chegam a registrar marcas negativas.
Há alguns anos, quando corri por lá, a temperatura não chegou a tais extremos, mas, ainda assim, tive de me armar de muita disposição e me proteger bastante: camiseta e calças compridas, luvas e gorro de lã, chá quente, sopão depois da prova.
Cá nos trópicos, é raro o frio chegar a esse ponto. Como estamos acostumados a temperaturas mais tépidas, porém, quando baixa dos 15 graus muitos já começam a bater queixo, tiram do armário os cachecóis, cobrem-se na cama com acolchoados.
Sair do quentinho para treinar, então, é uma dificuldade. Afinal, como lembra a psicóloga do esporte Carla Di Pierro, a humanidade tem embate multimilenar contra o frio: "Buscar proteção contra ele tem um valor de sobrevivência, desde a época das cavernas até hoje."
Há ainda fatores físicos bem objetivos. "Pernas e braços recebem fluxo sanguíneo menor e os músculos ficam mais rígidos", alerta o preparador físico Rodrigo Ferraz.
Não importa, a gente sabe que não pode parar de treinar. Nem que seja para garantir perdão para um chocolate quente mais poderoso ou uma colherada extra de alguma dessas comidas de inverno, gordurosas e deliciosas.
A vantagem é que, correndo sob baixas temperaturas, a gente melhora o rendimento. Há que forçar o ritmo para continuar quentinho, e surgem novos recordes pessoais.
É preciso, porém, tomar cuidado para que as belas marcas não se transformem em dolorosas lesões, advertem especialistas que consultei (leia entrevistas e muitas dicas no blog).
Apesar do vento enregelante, nunca saia direto a mil pelo Brasil. O mais importante é acordar o corpo gradativamente. Para isso, capriche no aquecimento, que deve durar pelo menos dez minutos: comece caminhando, aos poucos acelere o passo e chegue ao trote antes de entrar em velocidade de cruzeiro.
Não se esqueça de se hidratar bem, mesmo que pareça não precisar: essa é outra das "pegadinhas" perigosas das baixas temperaturas.
Não se encapote para correr, mas não se envergonhe de usar camiseta longa e calças justas de tecido especial. Eu chego a usar gorro e luvas, pelo menos na primeira meia hora do treino. Quando acabar, troque logo de roupa e tente se manter aquecido.
E vá para a rua, que o asfalto é seu.

RODOLFO LUCENA, 54, é editor do blog +Corrida (maiscorrida.folha.com.br), ultramaratonista, autor de "Maratonando, Desafios e Descobertas nos Cinco Continentes" (Record) e foi editor do caderno Tec da Folha



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