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Uso de Ritalina é polêmico
Embora a hiperatividade
não tenha cura, ela pode
ser controlada com tratamento psicoterápico, prática de atividades físicas e,
nos casos mais graves,
medicamentos estimulantes ou antidepressivos.
O remédio melhora a
concentração e, assim, facilita o aprendizado de
crianças hiperativas. Mas
tem efeito colateral e, por
isso, só deve ser usado
quando a psicoterapia não
for suficiente para ajudá-las a levar uma vida normal. "O remédio é muito
importante, mas não é para todo hiperativo. Cada
vez uso menos medicamentos estimulantes",
afirma Mauro Muszkat,
neuropediatra da Unifesp.
Entre os estimulantes, a
Ritalina (nome comercial
do metilfenidato) é a droga mais popular. Fabricada há quase 50 anos, ela
turbina a concentração
porque age no córtex cerebral, aumentando o fluxo
de dopamina e noradrenalina, neurotransmissores que funcionam mal
em portadores do TDAH.
Como melhora o desempenho escolar, a Ritalina virou mania nos EUA.
Em 95, 500 mil crianças de
3 a 6 anos usaram a droga.
No ano passado, o boom
nas prescrições gerou
uma campanha contra
seu uso que uniu promotores de Justiça, médicos e
a senadora Hillary Clinton. Psiquiatras e indústria farmacêutica foram
acusados de formar complô para estimular o uso
desnecessário da droga.
No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária mantém um rígido
controle da venda de Ritalina, semelhante ao controle da de morfina, o que
coíbe, em parte, o uso desnecessário. "Há bem menos abuso aqui. Mas já vi
crianças tomando Ritalina
quando o problema era da
família", diz Muszkat.
Insônia, perda de apetite, convulsões e tiques
nervosos são os principais
efeitos colaterais da Ritalina. Em alguns casos, ela
inibe o crescimento. Por
isso não é recomendada
para menores de 3 anos.
Além dos efeitos colaterais, o uso da Ritalina é
polêmico porque altera as
reações naturais da criança. "Há pais que pedem
para aumentar a dose
quando sentem o filho
mais agitado. Mas é preciso investigar se o comportamento é, de fato, fruto
do distúrbio. Na adolescência, por exemplo, todo
mundo fica mais agitado",
pondera Muszkat.
Como o efeito da Ritalina dura pouco, muitos
pais pedem aos médicos
que prescrevam várias doses por dia. "Eu só receito
para o período escolar.
Não vou deixar a criança
medicada o tempo todo.
Os pais têm de lidar com a
hiperatividade em casa."
Além de terapia e remédio, praticar esportes ajuda a gastar energia e alivia
sintomas. Mas esportes
que exijam grande coordenação motora devem
ser descartados. Em geral,
o hiperativo joga mal futebol porque se distrai com
o que acontece fora da
quadra. É melhor optar
por natação ou atletismo.
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