São Paulo, quinta-feira, 15 de fevereiro de 2001
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Uso de Ritalina é polêmico

Embora a hiperatividade não tenha cura, ela pode ser controlada com tratamento psicoterápico, prática de atividades físicas e, nos casos mais graves, medicamentos estimulantes ou antidepressivos.
O remédio melhora a concentração e, assim, facilita o aprendizado de crianças hiperativas. Mas tem efeito colateral e, por isso, só deve ser usado quando a psicoterapia não for suficiente para ajudá-las a levar uma vida normal. "O remédio é muito importante, mas não é para todo hiperativo. Cada vez uso menos medicamentos estimulantes", afirma Mauro Muszkat, neuropediatra da Unifesp.
Entre os estimulantes, a Ritalina (nome comercial do metilfenidato) é a droga mais popular. Fabricada há quase 50 anos, ela turbina a concentração porque age no córtex cerebral, aumentando o fluxo de dopamina e noradrenalina, neurotransmissores que funcionam mal em portadores do TDAH.
Como melhora o desempenho escolar, a Ritalina virou mania nos EUA. Em 95, 500 mil crianças de 3 a 6 anos usaram a droga. No ano passado, o boom nas prescrições gerou uma campanha contra seu uso que uniu promotores de Justiça, médicos e a senadora Hillary Clinton. Psiquiatras e indústria farmacêutica foram acusados de formar complô para estimular o uso desnecessário da droga.
No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária mantém um rígido controle da venda de Ritalina, semelhante ao controle da de morfina, o que coíbe, em parte, o uso desnecessário. "Há bem menos abuso aqui. Mas já vi crianças tomando Ritalina quando o problema era da família", diz Muszkat.
Insônia, perda de apetite, convulsões e tiques nervosos são os principais efeitos colaterais da Ritalina. Em alguns casos, ela inibe o crescimento. Por isso não é recomendada para menores de 3 anos.
Além dos efeitos colaterais, o uso da Ritalina é polêmico porque altera as reações naturais da criança. "Há pais que pedem para aumentar a dose quando sentem o filho mais agitado. Mas é preciso investigar se o comportamento é, de fato, fruto do distúrbio. Na adolescência, por exemplo, todo mundo fica mais agitado", pondera Muszkat.
Como o efeito da Ritalina dura pouco, muitos pais pedem aos médicos que prescrevam várias doses por dia. "Eu só receito para o período escolar. Não vou deixar a criança medicada o tempo todo. Os pais têm de lidar com a hiperatividade em casa."
Além de terapia e remédio, praticar esportes ajuda a gastar energia e alivia sintomas. Mas esportes que exijam grande coordenação motora devem ser descartados. Em geral, o hiperativo joga mal futebol porque se distrai com o que acontece fora da quadra. É melhor optar por natação ou atletismo.




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