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saúde
De corpo e alma
No Brasil, não há estudos sobre problemas de saúde decorrentes das disputas em campo.
Mas não faltam histórias de
quem sente no corpo o impacto
da torcida -de dores no estômago a isquemias.
O publicitário Dude Campolini, 25, ainda não se esqueceu
da sensação de assistir Brasil e
Holanda (5 x 3, nos pênaltis) na
semifinal de Copa de 1998.
"Quando o jogo foi prorrogado,
fiquei pálido, comecei a suar e
tive taquicardia. Um tio, que é
médico, proibiu-me de ver o
resto da partida na televisão, tive que ouvir pelo rádio", conta.
O mesmo Brasil x Holanda
que Dude teve de ouvir pelo rádio, Sueli Trolesi, 48, acompanhou nervosa diante da TV, em
São Paulo. Quando Taffarel
agarrou o pênalti que definiu a
partida, ela saiu pela rua para
comemorar com os vizinhos.
Ganhou um machucado digno
de jogador de futebol: rompeu o
tendão-de-aquiles e levou seis
meses para se recuperar.
Moisés Cohen, chefe do centro de traumatologia do esporte
da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), explica que
a tensão provoca contração
muscular. "Se o torcedor passa
da contração a movimentos
bruscos, como nas comemorações, podem ocorrer lesões,
distensões e contraturas."
Para amenizar o risco, o especialista recomenda não ficar
sentado durante toda a partida
e fazer alongamentos para relaxar a musculatura.
Isquemia
Foi depois de uma disputa
entre Corinthians e Universidad Católica, do Chile, pela Taça Libertadores que o analista
de sistemas Marcus Vinícius
Rodrigues, 25, experimentou a
sensação de ter o corpo paralisado. "O Corinthians perdeu
por 3 x 2. Deitei no sofá e comecei a sentir taquicardia. A sensação era a de que minha língua
havia engrossado e parei de
sentir um lado do corpo."
No hospital, o diagnóstico:
Marcus tinha sofrido uma isquemia -ou um princípio de
infarto, como é conhecido o
quadro em que falta oxigênio
ao coração por causa da diminuição de calibre dos vasos sangüíneos. Se a isquemia for
acentuada e parte do coração
morrer, trata-se de infarto.
"Passei seis horas no hospital
e tive de ouvir muita piada de
amigos dizendo que eu sofria
por ser corintiano", lembra.
Sistema digestivo
"É tanta emoção que às vezes
preciso correr para o banheiro." A frase do professor de
educação física André Ítalo
Mauro, 45, resume o impacto
da torcida no sistema digestivo.
Estômago e intestino também
manifestam com freqüência as
oscilações emocionais.
"Quando o reflexo vagal é
mais forte no estômago, há um
aumento na produção de ácido.
Quem já tem problemas como
gastrite ou úlcera, sente dores
agudas. Quando a emoção é
mais refletida no intestino, pode gerar diarréia", afirma Almiro Cardoso Ramos.
A Copa também provoca
efeitos benéficos no corpo, desencadeados pelas sensações
de euforia e de felicidade.
Nicole Witek, consultora de
ioga e professora de técnicas de
respiração e de combate ao estresse, explica que o riso e a comemoração das vitórias geram
benefícios poderosos. "Há elevadas descargas de endorfina,
hormônio que produz a sensação de prazer, e de cortisona,
que atua como um antiinflamatório poderoso. Além disso, o
riso reduz a pressão arterial e
ajuda a desintoxicar corpo e
mente", elenca. Gol.
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