São Paulo, quinta-feira, 15 de junho de 2006
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higiene

Gel contra germes

Anti-sépticos para limpeza a seco das mãos viraram mania, mas dermatologistas afirmam que o produto não deve substituir água e sabão

FLÁVIA MANTOVANI
DA REPORTAGEM LOCAL

Nos EUA, eles já são uma mania entre os afoitos por novidades de higiene pessoal. Por aqui, o mercado de géis anti-sépticos para as mãos é mais tímido, mas vem ganhando espaço -já há versões de bolso, com cores e perfumes variados e até uma especial para a Copa do Mundo, com bolinhas verdes e amarelas.
Só uma das fabricantes, a Doctor Clean, teve aumento de 65% nas vendas em 2005.
Geralmente à base de álcool, esses produtos higienizam dispensando água e sabão. O que os fabricantes prometem é praticidade para quem passa muito tempo fora de casa.
Até aí, tudo bem: no trânsito ou entre um e outro compromisso, o produto pode ser mesmo útil. O que os médicos afirmam é que ele não deve substituir a velha dupla água e sabão.
Isso porque, apesar de o gel anti-séptico agir de forma biológica, matando os germes, ele não remove os microorganismos da mão -coisa que a lavagem tradicional faz.
"Esse tipo de produto deve ser um quebra-galho. O ideal mesmo é usar água com o sabonete, que é desengordurante", afirma a dermatologista Flávia Addor, diretora do Medcin Instituto da Pele.
"O uso deve ser emergencial, já que ele inativa os germes, mas não arrasta a sujidade", emenda Maria Honório de Lima, da gerência geral de cosméticos da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). O órgão exige que as empresas provem a eficácia do produto.
A advogada Gabriela Machado, 24, brinca que é "viciada" no gel. "Levo sempre na bolsa e uso toda vez que paro para fazer algo. A mão é o que a gente mais usa durante o dia. Acho que o gelzinho ajuda a mantê-la higienizada", diz.
Em 2005, a FDA (agência de saúde americana) publicou uma recomendação que afirma que as mãos são o maior agente de transmissão de doenças dentro de casa e que os géis anti-sépticos "atendem à necessidade de manter a higiene quando o sabão e a água não estão disponíveis e quando as mãos não estão visivelmente sujas".
O risco de alergia em relação ao gel existe, como com qualquer cosmético, mas não é alto. A única questão é que, segundo Flávia Addor, se usado em excesso, ele pode ressecar a pele.
O dermatologista Jayme Filho, da Sociedade Brasileira de Dermatologia, lembra ainda que o exagero pode danificar a camada lipoproteica que protege a pele. "O zelo excessivo com a higiene desequilibra o nicho ecológico da pele, favorecendo a infecção por bactérias que não são habitualmente lesivas."


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