São Paulo, terça-feira, 16 de agosto de 2011 |
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ANÁLISE Uma bela visão do apocalipse INÁCIO ARAUJO CRÍTICO DA FOLHA O que é a melancolia? Talvez uma maneira de perceber o mundo. Algo próximo àquilo que sente Justine, a personagem de Kirsten Dunst no filme de Lars von Trier, durante a festa de seu casamento: uma tristeza profunda, um sentimento de ausência de sentido na vida. Hoje considera-se a melancolia um fato médico: algo que se traduz por depressão. É provável que "Melancolia" esteja mais próximo de um sentido não médico (ou psicanalítico). É como se Justine perguntasse por que as coisas deveriam ter sentido. O que significam eventos como casamento ou promoção no emprego? São questões que o filme nos endereça (já que não é um estudo clínico). Na segunda parte do filme estamos com Claire, a personagem de Charlotte Gainsbourg. Um planeta chamado Melancolia deve passar muito próximo da Terra. O marido de Claire se anima com a ideia. Mas ela vai à maior fonte de equívocos do mundo, a internet, e constata que o Melancolia trombará com a Terra. Será o fim dos tempos. Não é preciso ser um gênio para adivinhar que os curandeiros e curiosos da internet estarão com a razão. O magnífico espetáculo da passagem se tornará um desastre cósmico irreparável. Esse sentimento de fim dos tempos, de finitude humana, enfim, também é associado à melancolia e parece ser seu complemento obrigatório: a ausência de sentido da vida se consuma pela morte. Não será mérito menor de "Melancolia" criar uma visão do apocalipse e, ao mesmo tempo, sua beleza: o homem indefeso diante de um universo em que mesmo os movimentos planetários não fazem sentido talvez seja a tradução da ideia de melancolia que Von Trier aqui expressa. Texto Anterior: É depressão ou melancolia? Próximo Texto: Produtividade melancólica Índice | Comunicar Erros |
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