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Vida ativa em fazenda auto-sustentável
Foi em uma reunião com um cliente de
sua agência de propaganda, há 30 anos,
que o jornalista, publicitário e empresário de genética pecuária Dirceu Borges,
70, teve a primeira idéia de comunidade
para a terceira idade. "Falávamos sobre
um simpósio que discutiria os índices de
suicídio entre idosos", lembra. "Acabei
percebendo que o vilão dessa história era
o tédio das pessoas, que simplesmente
não tinham o que fazer quando atingiam
a terceira idade."
A constatação de Borges, paulista de
Barretos, virou um livro, "O Que Você
Vai Fazer em Dezembro?" (Editora Peirópolis, R$ 26, 144 páginas), lançado em
1975. Nele, o empresário desenvolveu
uma inovadora comunidade auto-sustentável para pessoas com mais de 60
anos, chamada de Harambê (que significa "vamos trabalhar juntos", em suaíli,
língua do Quênia). Ela baseia-se na tese
de que, para combater os males psicológicos e as doenças físicas decorrentes do
envelhecimento, as pessoas devem continuar ativas, executando tarefas que lhes
dêem prazer.
"Alguns anos atrás, uma senhora apresentou-se e disse que tinha lido e amado o
livro. Logo depois, falou que queria doar
uma parte de sua fazenda, com 76 hectares, para que eu colocasse o projeto em
prática. Claro que desconversei, mas ela
insistiu tanto que acabei indo conhecer o
lugar", conta o empresário.
Logo ao chegar ao local, uma vistosa fazenda em Uberaba, interior de Minas Gerais (487 km de SP), o empresário avistou
uma grande árvore, no ponto mais alto
do terreno, em forma de H. "O sinal me
fez entender que deveria tornar o projeto
Harambê real", afirma Borges.
O projeto prevê a construção de cem
casas com todas as facilidades e serviços
que permitam o máximo de auto-suficiência dos idosos. Os moradores da comunidade serão sócios-moradores do lugar e terão a responsabilidade de administrar o complexo e fazer dele um empreendimento produtivo e auto-sustentável. Segundo Borges, o lugar permite
uma série de ações rentáveis. Entre as
previstas pelo projeto estão a produção
de ervas medicinais, a comercialização de
água mineral e a criação de peixes.
As oito primeiras casas, a piscina, o
centro terapêutico, o lago e o horto de
plantas medicinais já foram construídos.
No horto, já há até 40 mil mudas de nin,
árvore da Índia que possui propriedades
medicinais. Elas serão usadas tanto no reflorestamento da área como para comercialização.
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