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São Paulo, quinta-feira, 16 de outubro de 2003
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Vida ativa em fazenda auto-sustentável

Foi em uma reunião com um cliente de sua agência de propaganda, há 30 anos, que o jornalista, publicitário e empresário de genética pecuária Dirceu Borges, 70, teve a primeira idéia de comunidade para a terceira idade. "Falávamos sobre um simpósio que discutiria os índices de suicídio entre idosos", lembra. "Acabei percebendo que o vilão dessa história era o tédio das pessoas, que simplesmente não tinham o que fazer quando atingiam a terceira idade."
A constatação de Borges, paulista de Barretos, virou um livro, "O Que Você Vai Fazer em Dezembro?" (Editora Peirópolis, R$ 26, 144 páginas), lançado em 1975. Nele, o empresário desenvolveu uma inovadora comunidade auto-sustentável para pessoas com mais de 60 anos, chamada de Harambê (que significa "vamos trabalhar juntos", em suaíli, língua do Quênia). Ela baseia-se na tese de que, para combater os males psicológicos e as doenças físicas decorrentes do envelhecimento, as pessoas devem continuar ativas, executando tarefas que lhes dêem prazer.
"Alguns anos atrás, uma senhora apresentou-se e disse que tinha lido e amado o livro. Logo depois, falou que queria doar uma parte de sua fazenda, com 76 hectares, para que eu colocasse o projeto em prática. Claro que desconversei, mas ela insistiu tanto que acabei indo conhecer o lugar", conta o empresário.
Logo ao chegar ao local, uma vistosa fazenda em Uberaba, interior de Minas Gerais (487 km de SP), o empresário avistou uma grande árvore, no ponto mais alto do terreno, em forma de H. "O sinal me fez entender que deveria tornar o projeto Harambê real", afirma Borges.
O projeto prevê a construção de cem casas com todas as facilidades e serviços que permitam o máximo de auto-suficiência dos idosos. Os moradores da comunidade serão sócios-moradores do lugar e terão a responsabilidade de administrar o complexo e fazer dele um empreendimento produtivo e auto-sustentável. Segundo Borges, o lugar permite uma série de ações rentáveis. Entre as previstas pelo projeto estão a produção de ervas medicinais, a comercialização de água mineral e a criação de peixes.
As oito primeiras casas, a piscina, o centro terapêutico, o lago e o horto de plantas medicinais já foram construídos. No horto, já há até 40 mil mudas de nin, árvore da Índia que possui propriedades medicinais. Elas serão usadas tanto no reflorestamento da área como para comercialização.


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