A CAÇA DA CAPIVARA É PROIBIDA, MAS A CRIAÇÃO PODE SER AUTORIZADA PELO IBAMA

RACHEL BOTELHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Nativa da vasta região que se estende da Colômbia ao Uruguai, passando por Bolívia, Paraguai e parte da Argentina, a capivara é encontrada em todo o território brasileiro, nas proximidades de rios ou lagoas. No interior do país, a proibição da caça é ignorada por agricultores, que atiram nos animais que invadem suas lavouras, e por apreciadores de sua carne de sabor único.
Seca como lombo de porco, mas de coloração vermelha, a carne de capivara possui apenas 128 calorias a cada cem gramas -muito menos que a de boi e a de porco, com 225 e 276 calorias, respectivamente. "Além disso, tem maior concentração de ferro, menor quantidade de gordura e é uma das carnes com maior aporte protéico", afirma Patrícia Miguel, nutricionista e proprietária do restaurante Diaccuí, especializado em carnes de caça.
As partes nobres do animal, como pernil e lombo, são vendidas regularmente em algumas casas especializadas das grandes cidades, mas aparecem pouco em cardápios de restaurantes. Embora esteja na mesma faixa de preço de outros animais de caça, a carne de capivara tem custo elevado -no açougue Porco Feliz, do Mercado Municipal de São Paulo, o quilo do pernil sai por R$ 44.
Roedor de grande porte, com orelhas pequenas, olhos miúdos e altos, cauda rudimentar e pêlo áspero e pardo, a capivara (nome de origem tupi, que significa "comedor de capim") chega a alcançar 1,30 metro de comprimento e 50 quilos.
"É um animal que não dá nenhum trabalho para criar: precisa apenas de água e pasto. E procria muito rápido, com até duas ninhadas por ano, de três a dez filhotes cada uma", diz Miguel, cuja família é proprietária do abatedouro Panamby Porá, em Miracatu (SP). É necessária, também, autorização do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).
A carne pode ser comercializada seca e salgada, fresca ou congelada, e tem preparo simples. Pode ser consumida cozida, assada, frita ou na forma de salsicha, lingüiça e charque. O couro elástico do animal também é aproveitado para fabricar luvas e calçados.
Popularmente, o óleo da capivara é considerado um remédio contra bronquite, asma, pneumonia, reumatismo e desnutrição, mas sua ação não foi comprovada cientificamente.


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