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Paciente no Brasil recebe parecer médico dos EUA
Médicos lançam, no Rio de Janeiro, serviço para quem busca
segunda opinião médica em centros de excelência no exterior
MARIÂNGELA DEVIENNE - FREE-LANCE PARA A FOLHA
Problemas graves de saúde, cujo
diagnóstico e tratamento podem
ser determinantes para a vida futura do
paciente, costumam levá-lo a buscar
uma segunda opinião médica. Nos casos mais complexos, a resposta pode estar fora da fronteira do conhecimento científico que o país domina. Foi justamente esse o caso da geriatra Carla
Frohmüller Andrade.
A médica havia perdido três bebês
quando entrava no oitavo mês de gestação. Após vários exames, viu-se
diante do tratamento, ou melhor, dos
tratamentos: eram três opções. Decidiu-se por ouvir a opinião de um profissional no exterior.
Apesar de ser médica e falar inglês,
deparou-se com vários questionamentos, como qual especialista procurar ou quais os procedimentos para
marcar uma consulta. Isso a fez idealizar, em parceria com o marido e médico, Marcos Eliseu Fonseca Andrade,
que cursou clínica-geral em Harvard e
geriatria na Universidade da Califórnia, um serviço de segunda opinião
médica por meio de convênio com
centros de excelência nos EUA.
Segundo levantamento feito pelo
hospital de Harvard, em Boston, em
15% dos casos, as consultas de opinião
causaram alteração do primeiro diagnóstico e, em 71% dos casos, contribuíram para modificar o tratamento
inicialmente adotado. Segundo a médica, casos que ela têm acompanhado
mostram que o diagnóstico, em geral,
tem sido correto, o que muda é o procedimento a ser adotado. Isso ocorre
porque o país possui meios sofisticados para fazer diagnósticos com precisão, mas nem sempre consegue um
consenso sobre tratamento, diz.
A Clínica Wecare, no Rio de Janeiro,
de propriedade da dupla de médicos,
possui convênio com a Escola Médica
de Harvard (EUA) e com os hospitais
ligados a ela, como o Hospital Geral de
Massachussets e o Birghams Women
Hospital, em Boston, com o hospital
da Universidade Jonhs Hopkins, considerado o número um dos EUA, e
com a Clínica de Cleveland.
A médica lembra o diagnóstico de
uma paciente que recorreu ao serviço
de sua clínica. Ela tinha tumor na hipófise e três opiniões diferentes para
tratamento: cirurgia, medicamento e
radioterapia. Seu caso foi enviado pela
Wecare para Cleveland, onde foi analisado por um neuropatologista, um
oncologista e um especialista em radioterapia, entre outros. Por meio de
um só laudo, mas com a anuência de
vários médicos, a paciente recebeu a
notícia de que seu caso era cirúrgico,
conta a médica.
O serviço de diagnóstico da Wecare
utiliza a telemedicina (medicina à distância) para obter o parecer dos médicos de fora. Primeiramente, o paciente
reúne-se com os médicos da clínica
carioca, o que pode durar cerca de
quatro horas e custar até R$ 600. Nesse
encontro, o paciente preenche um detalhado formulário sobre seu histórico
médico, além de apresentar todos os
exames e laudos. O custo para obter o
parecer no exterior pode variar de
US$ 800 a US$ 1,3 mil.
Depois, os exames são digitalizados
e enviados via internet. "Se há dúvidas
sobre um diagnóstico de mal de Parkinson, filmamos o paciente caminhando; se há uma lesão de pele, fazemos as imagens, digitalizamos e enviamos pela internet", diz a médica.
Dependendo do caso, em até seis
dias o laudo com o parecer do centro
de referência escolhido chega ao Brasil. Não há interferência dos profissionais brasileiros no tratamento a ser
adotado, mas a equipe fica disponível
para esclarecer ou encaminhar para o
especialista norte-americano as dúvidas que possam surgir no acompanhamento do caso. Os médicos asseguram que todo o processo é sigiloso.
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