São Paulo, quinta-feira, 18 de junho de 2009
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NUTRIÇÃO

Dieta portátil

Aplicativos para iPhone ou iPod Touch ajudam a calcular calorias dos alimentos

JULIANA CALDERARI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Quem já fez dieta sabe: um dos maiores obstáculos para manter a linha é comer fora.
Descobrir se aquele crepe de ricota e espinafre ao molho branco é mesmo light é tão difícil quanto saber como substituir o espaguete ao sugo recomendado pela nutricionista quando ele não está entre as opções do bufê por quilo.
Os donos de iPhone e de iPod Touch, porém, podem contar com a ajuda da informática na hora de escolher suas refeições.
Aplicativos que calculam o número de calorias e dão informações nutricionais dos alimentos estão disponíveis para download na loja do iTunes. Alguns dos softwares são gratuitos; outros custam até U$ 2,99 (aproximadamente R$ 6).
Um dos campeões de down- loads da categoria é o americano Lose it!, disponível para o iPhone. Depois de instalado no aparelho, não requer uma conexão com a internet.
No geral, os aplicativos funcionam de um modo similar: digita-se a altura, o peso atual, a prática de atividade física e o peso a que se quer chegar. O programa calcula o IMC (índice de massa corporal) do usuário e a faixa calórica que a pessoa deve consumir para chegar ao peso desejado.
Para fazer o controle diário, é preciso descrever suas refeições no aparelho, que, ao final do dia, indicará a quantidade de calorias consumidas. Assim, é possível saber se o consumo foi adequado ao esperado.

Auxiliar
"Qualquer programa que ajude o paciente a tomar consciência do que está comendo pode ser benéfico, mas, sem orientação adequada, a pessoa pode usar a informação calórica de forma errada", diz Sandra Villares, endocrinologista do Laboratório de Obesidade da USP (Universidade de São Paulo).
No Brasil, o primeiro programa desse tipo acaba de ser lançado e custa U$ 4,99 (cerca de R$ 10). Diferentemente das versões estrangeiras, o Nutrabem está em português e possui, em sua lista de alimentos, pratos encontrados nos restaurantes brasileiros.
Outra dificuldade dos aplicativos estrangeiros é a diferença de medidas adotadas. O Lose it!, por exemplo, usa libras e onças, no lugar de quilos e gramas.
Por essas razões, o analista de sistemas Marcos Paulo Aguiar, 27, optou pelo software nacional há dois meses para ganhar massa muscular. "O fato de ser em inglês atrapalha", diz.
Já o consultor de moda Eduardo Preto, 53, usa o Nutrabem para perder peso. "Anoto o que consumi e vou controlando o que como. Antes, o controlador era o preço. Se a refeição custasse mais de R$ 12, sabia que havia comido demais."
Eduardo acha que o programa é um bom substituto para as antigas tabelas de calorias. "Uma vez, me deram na academia uma lista do que eu podia comer, mas eu não carregava o papel comigo", conta.
Seu instrutor, o professor de educação física Fábio Silva Andrade, 38, acredita que o programa possa ser útil. "Fazemos um treino para os alunos, mas, com a alimentação inadequada, o trabalho é perdido."
A meta de Eduardo é perder seis dos seus 102 quilos. Se seguir as orientações do Nutrabem, ele cumprirá seu objetivo em três meses, já que o aplicativo calcula a faixa calórica ideal para que o usuário perca (ou ganhe) apenas dois quilos por mês. O valor segue a recomendação da OMS (Organização Mundial da Saúde). Já o Lose it! não determina limite mensal para a mudança de peso.
Fernanda Pisciolaro, nutricionista da Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica), acredita que essa cota mensal de dois quilos é boa, pois pode desencorajar dietas radicais e nocivas à saúde.
Um fator positivo dos programas, segundo a especialista, é permitir que o usuário flexibilize o cardápio. "Dá para comer um pouco mais daquilo de que se gosta", diz.
No entanto, ela alerta para as consequências do mau uso dos programas. "As pessoas podem passar a olhar muito os números das calorias e se tornarem obsessivas", afirma.
Não levar em conta os valores nutricionais dos alimentos também pode ser arriscado. Durante uma simulação na praça de alimentação de um shopping de São Paulo, Pisciolaro notou que um hambúrguer com batatas fritas e refrigerante têm menos calorias do que um prato de capeletti com legumes e peito de peru.
Mas isso não significa que o primeiro seja mais saudável. "O usuário deve tomar cuidado para não tirar conclusões erradas. Nesse caso, o prato de macarrão é mais nutritivo do que o sanduíche", diz Pisciolaro.
Para evitar erros, o ideal é que o programa seja usado para ajudar no trabalho do nutricionista ou do endocrinologista.
O Nutrabem, criado pelo Instituto Nutra e Viva, tem problemas, como a limitada lista de pratos. Embora haja até lanches de uma rede de fast food, ingredientes básicos como o grão-de-bico ainda não são encontrados. O aplicativo também não discrimina modalidades esportivas ou o tempo de atividade física diária.
A empresa promete solucionar esses problemas nas próximas atualizações do software.


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