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NUTRIÇÃO
Dieta portátil
Aplicativos para iPhone ou iPod Touch ajudam a calcular calorias dos alimentos
JULIANA CALDERARI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Quem já fez dieta sabe:
um dos maiores obstáculos para manter
a linha é comer fora.
Descobrir se aquele
crepe de ricota e espinafre ao
molho branco é mesmo light é
tão difícil quanto saber como
substituir o espaguete ao sugo
recomendado pela nutricionista quando ele não está entre as
opções do bufê por quilo.
Os donos de iPhone e de iPod
Touch, porém, podem contar
com a ajuda da informática na
hora de escolher suas refeições.
Aplicativos que calculam o
número de calorias e dão informações nutricionais dos alimentos estão disponíveis para
download na loja do iTunes. Alguns dos softwares são gratuitos; outros custam até U$ 2,99
(aproximadamente R$ 6).
Um dos campeões de down-
loads da categoria é o americano Lose it!, disponível para o
iPhone. Depois de instalado no
aparelho, não requer uma conexão com a internet.
No geral, os aplicativos funcionam de um modo similar:
digita-se a altura, o peso atual, a
prática de atividade física e o
peso a que se quer chegar. O
programa calcula o IMC (índice de massa corporal) do usuário e a faixa calórica que a pessoa deve consumir para chegar
ao peso desejado.
Para fazer o controle diário, é
preciso descrever suas refeições no aparelho, que, ao final
do dia, indicará a quantidade de
calorias consumidas. Assim, é
possível saber se o consumo foi
adequado ao esperado.
Auxiliar
"Qualquer programa que ajude o paciente a tomar consciência do que está comendo pode
ser benéfico, mas, sem orientação adequada, a pessoa pode
usar a informação calórica de
forma errada", diz Sandra Villares, endocrinologista do Laboratório de Obesidade da USP
(Universidade de São Paulo).
No Brasil, o primeiro programa desse tipo acaba de ser lançado e custa U$ 4,99 (cerca de
R$ 10). Diferentemente das
versões estrangeiras, o Nutrabem está em português e possui, em sua lista de alimentos, pratos encontrados nos restaurantes brasileiros.
Outra dificuldade dos aplicativos estrangeiros é a diferença
de medidas adotadas. O Lose
it!, por exemplo, usa libras e onças, no lugar de quilos e gramas.
Por essas razões, o analista
de sistemas Marcos Paulo
Aguiar, 27, optou pelo software
nacional há dois meses para ganhar massa muscular. "O fato
de ser em inglês atrapalha", diz.
Já o consultor de moda
Eduardo Preto, 53, usa o Nutrabem para perder peso. "Anoto o
que consumi e vou controlando
o que como. Antes, o controlador era o preço. Se a refeição
custasse mais de R$ 12, sabia
que havia comido demais."
Eduardo acha que o programa é um bom substituto para as
antigas tabelas de calorias.
"Uma vez, me deram na academia uma lista do que eu podia
comer, mas eu não carregava o
papel comigo", conta.
Seu instrutor, o professor de
educação física Fábio Silva Andrade, 38, acredita que o programa possa ser útil. "Fazemos
um treino para os alunos, mas,
com a alimentação inadequada,
o trabalho é perdido."
A meta de Eduardo é perder
seis dos seus 102 quilos. Se seguir as orientações do Nutrabem, ele cumprirá seu objetivo
em três meses, já que o aplicativo calcula a faixa calórica ideal
para que o usuário perca (ou ganhe) apenas dois quilos por
mês. O valor segue a recomendação da OMS (Organização
Mundial da Saúde). Já o Lose it!
não determina limite mensal
para a mudança de peso.
Fernanda Pisciolaro, nutricionista da Abeso (Associação
Brasileira para o Estudo da
Obesidade e da Síndrome Metabólica), acredita que essa cota
mensal de dois quilos é boa,
pois pode desencorajar dietas
radicais e nocivas à saúde.
Um fator positivo dos programas, segundo a especialista,
é permitir que o usuário flexibilize o cardápio. "Dá para comer
um pouco mais daquilo de que
se gosta", diz.
No entanto, ela alerta para as
consequências do mau uso dos
programas. "As pessoas podem
passar a olhar muito os números das calorias e se tornarem
obsessivas", afirma.
Não levar em conta os valores nutricionais dos alimentos
também pode ser arriscado.
Durante uma simulação na
praça de alimentação de um
shopping de São Paulo, Pisciolaro notou que um hambúrguer
com batatas fritas e refrigerante têm menos calorias do que
um prato de capeletti com legumes e peito de peru.
Mas isso não significa que o
primeiro seja mais saudável. "O
usuário deve tomar cuidado para não tirar conclusões erradas.
Nesse caso, o prato de macarrão é mais nutritivo do que o
sanduíche", diz Pisciolaro.
Para evitar erros, o ideal é
que o programa seja usado para
ajudar no trabalho do nutricionista ou do endocrinologista.
O Nutrabem, criado pelo Instituto Nutra e Viva, tem problemas, como a limitada lista de
pratos. Embora haja até lanches de uma rede de fast food,
ingredientes básicos como o
grão-de-bico ainda não são encontrados. O aplicativo também não discrimina modalidades esportivas ou o tempo de atividade física diária.
A empresa promete solucionar esses problemas nas próximas atualizações do software.
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