São Paulo, quinta-feira, 19 de abril de 2001
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Juventude e amizade passional

Eles nasceram no auge da era yuppie, os anos 80, e em uma sociedade marcada por relacionamentos estilhaçados e ameaçada pela violência. Sofrem a falta de convívio social, o que dificulta o estabelecimento de amizades verdadeiras, diz o psicanalista Miguel Perosa, professor da PUC-SP.
"As grandes metrópoles fizeram de seus adolescentes pessoas mais empobrecidas pela falta de diversidade em seus contatos interpessoais", afirma Perosa. Sem ter as mesmas chances que seus pais de circular pela cidade e, assim, fazer amigos, os adolescentes sofrem para construir identidade própria e ficam mais vulneráveis às opiniões dos colegas, de estranhos e dos padrões veiculados pela mídia.
"Essa vulnerabilidade gera a necessidade de proteger a todo custo os poucos laços de afeto e identificação que conseguiram estabelecer. As amizades dos anos 90 tornam-se mais fundamentais e, por isso, mais passionais", afirma Perosa.
E, como tais laços de amizade são frágeis, a traição não é perdoada. "O "traidor" é visto como uma pessoa desprezível, que nunca mais vai ser procurada, embora tenha sido de fundamental importância até o dia anterior", diz Perosa.
"O contato com o maior número possível de fontes de identidade permite que o adolescente forme uma identidade sólida e tolerante às diferenças, vitalizando-se a partir delas. Quanto maior for seu número, melhor o ser humano que se forma", afirma o psicanalista.


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