São Paulo, terça-feira, 19 de julho de 2011
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Na ficção, preferências são assumidas

JULIANA CUNHA
DE SÃO PAULO

A barra da saia materna é um grande cenário da ficção. O narrador de "Em Busca do Tempo Perdido" (1913), do francês Marcel Proust (1871-1922), fica por lá em boa parte dos sete volumes da saga.
Se a disputa pela barra se dá entre irmãos, pais escolhem um lado sem constrangimentos. É o que faz a "yiddishe mame" de "O Complexo de Portnoy" (1969), do americano Philip Roth. Enquanto o filho Alex é considerado muito inteligente, sua irmã, Hannah, é descrita como uma gordinha burra, porém esforçada. "A criança não é nenhum gênio, mas nós não pedimos a Deus o impossível", diz a mãe.
Mas quem fica com complexos profundos por conta dessa relação e sempre decepciona os pais é o protegido, não a "esforçada".
Esaú e Jacó, tanto na "Bíblia" quanto no romance de Machado de Assis (1839 - 1908), são outro exemplo de disputa fraterna. Se na "Bíblia" a confusão acontece porque a mãe tenta beneficiar o mais novo (Jacó) em detrimento do mais velho (Esaú), que teria mais direitos, em Machado o jogo é invertido. A disputa é política. A mãe, agora, é o Estado, em uma época em que valores como a supremacia do mais velho não têm a mesma validade.
Mas, como a escritora inglesa Jane Austen (1775 -1817) é otimista, também há casos em que a predileção acontece sem maiores consequências. Em "Orgulho e Preconceito" (1813), o pai adora a filha Elizabeth e a mãe protege Kitty e Lydia. Todas, no entanto, se amam, se casam e são felizes no final.


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