São Paulo, terça-feira, 19 de julho de 2011
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Sombras da maternidade ainda são tabu

JULIANA VINES
DE SÃO PAULO

Com tanta militância pró-amamentação e tantos blogs deslumbrados, falar mal da maternidade parece crime. É tabu, dizem especialistas.
"Só se fala em luzes", afirma Marcia Neder, psicanalista e autora de "Édipo Tirano", a ser lançado em novembro. "Não se fala da renúncia, da doação e das exigências." E as exigências cresceram nas últimas décadas, diz ela.
É o que pensa, também, a psicanalista francesa Corinne Maier, autora de "Sem Filhos" (Intrínseca, 160 págs., R$ 25).
"Maternidade se tornou escolha. Há uma pressão do tipo: escolheu, então você tem que dar conta", disse ela à Folha.
Corinne declara ter se arrependido de ter tido filhos. "É um trabalho duro e você nunca é boa o suficiente."
Para Dagmar Meyer, doutora em educação e pesquisadora da UFRGS, a criança passou a ser o centro da família e da sociedade. O resultado é uma carga maior de culpa sobre as mães.
"Por exemplo: dizem que amamentar aumenta o vínculo afetivo e faz com que a criança vá melhor na escola."
Quem não amamenta se sente a pior das criaturas. "Tudo que é imposto e obrigatório pode ser sofrido", diz a psicóloga Cynthia Boscovich, especialista na área. É claro que não se faz uma boa mãe só com leite de peito.
Já a culpa resultante dessas cobranças pode deprimir a mãe, diz Boscovich.
"Vi muito isso: mulheres que não podem amamentar ou se dedicar integralmente acabam se sentindo incapazes de ser boas mães."


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