São Paulo, quinta-feira, 21 de junho de 2001
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Jantar na escuridão

A pernambucana Maria Rodrigues, 86, chega às 19h em casa, acende a luz da cozinha, faz o jantar, apaga a luz da cozinha, come no escuro e fica na poltrona da sala, sem sinal de energia elétrica até o sono chegar. "Antes ficava jogando baralho, hoje não posso nem discar para os amigos ou familiares porque não enxergo os números", reclama Maria, que tem três filhos, cinco netos, oito bisnetos e um tataraneto a caminho.
Ela lembra que, aos oito anos, no interior de Pernambuco, a falta de energia elétrica passava despercebida. "Era bom porque a família ficava reunida toda noite para conversar." Como hoje quase não sai mais de casa à noite com medo da violência, seu divertimento acaba com a novela das oito. "Não consigo mais viver sem luz. Esse racionamento está me deixando mesmo tristinha."


Texto Anterior: Drible aneura: Racionamento tira a alegria do idoso
Próximo Texto: Negligência com idosos
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.