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S.O.S. Família
Rosely Sayão
Amigos dos filhos adolescentes
A mãe de três adolescentes me escreveu
contando como é a vida com os filhos nessa
fase. Bastante conturbada, é
claro, mas, para essa mãe dedicada e sensível, que tem uma
profissão e exerce trabalho remunerado, isso não é problema. Entretanto, ela tem uma
dúvida. Melhor dizendo, uma
queixa. Ela diz que seus filhos
se relacionam com a casa de
dois modos alternados.
Ora se comportam como se
morassem em uma pensão
-vão e voltam apenas para comer, dormir e trocar de roupa,
porque só pensam em sair-,
ora tratam a casa como lugar de
festa -trazem os amigos para
lanches, jogos, reuniões barulhentas. Além da queixa, ela
tem também uma dúvida: quer
saber se é assim mesmo ou se é
preciso segurar um pouco mais.
O estranhamento dessa mãe é
compreensível, porque, segundo ela, quando pequenos, os filhos sempre gostaram da companhia dos pais, mas agora só se
interessam pelos amigos. Ela
tem muitos motivos para se
alegrar, apesar de esse ser um
momento difícil para os pais.
O que acontece na vida dessa
família é o caminho natural a
ser trilhado. Os filhos cresceram e precisam sentir que não
são indispensáveis aos pais para que possam investir nos relacionamentos com os outros,
em geral seus pares. Se, quando
crianças, os filhos são educados
com respeito e ensinados a valorizar o relacionamento com
os familiares, na adolescência,
têm mais chances de saber se
comportar de modo a serem estimados por colegas e amigos.
É isso que significa ser sociável. Na adolescência, freqüentar a casa dos amigos e recebê-los em casa são fatos de grande
importância para o processo de
socialização. Mas pode acontecer de os pais não gostarem de
alguns amigos dos filhos.
Não se pode negar que os
adultos podem julgar os outros
com mais maturidade do que os
jovens e perceber rapidamente
alguns aspectos dos relacionamentos que os filhos, de tão envolvidos e interessados em tais
vínculos, deixam passar. É assim mesmo, entretanto, que
eles aprenderão a selecionar as
amizades e a diferenciar amigos com os quais eles podem
contar de colegas interessados
apenas em compartilhar diversão. Isso leva tempo, e é preciso
ter paciência.
Alguns pais acreditam que alguns desses relacionamentos
podem ser prejudiciais aos filhos. Nesses casos, é imprescindível alertá-los, porque, conhecedores da opinião dos pais, os
filhos podem avaliar melhor as
pessoas com quem escolhem
conviver. Aparentemente, eles
recusam a opinião dos pais porque podem entender que isso
nada mais é do que ciúme. E,
para falar a verdade, algumas
vezes eles têm razão. Mesmo
assim, se aprenderam a ouvir e
a respeitar o que os pais lhes dizem, uma hora ou outra terão a
oportunidade de confirmar
-ou não- o que ouviram de
seus pais sobre os colegas que
escolheram para conviver.
E quando as companhias do
filho não respeitam a casa da família? Como os costumes são
bem variados de família para
família, isso pode acontecer.
Nesse caso, os pais precisam
ser firmes: é preciso delegar ao
filho a responsabilidade de fazer colegas e amigos se comportarem em sua casa de modo
aceitável pela família e exigir
que ele dê conta de seu dever.
Não são apenas colegas e
amigos que podem influenciar
negativamente os filhos adolescentes. Aliás, os jovens estão
submetidos a muitas pressões,
por isso precisam aprender a
avaliar criticamente o que lhes
é proposto e imposto.
É a educação que melhor responde a essa questão. Na adolescência, os filhos precisam
muito mais da ação educativa e
do acompanhamento discreto
dos pais do que do controle
exercido por eles.
ROSELY SAYÃO é psicóloga e autora de "Como
Educar Meu Filho?" (ed. Publifolha)
@ - roselysayao@folhasp.com.br
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