São Paulo, quinta-feira, 22 de outubro de 2009 |
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ALIMENTAÇÃO Dieta para maiores Além da soja, cujos benefícios já são conhecidos, há outros alimentos que podem ser incluídos na alimentação de mulheres na menopausa; americana autora de livro recém-lançado sobre o tema explica quais são esses ingredientes
DANIELA TALAMONI
Soja, com moderação Uma das primeiras especialistas no Brasil a defender os alimentos funcionais (aqueles capazes de prevenir doenças), Jocelem Salgado, professora do Departamento de Agroindústria, Alimentos e Nutrição da Esalq/USP, é a favor de uma alimentação saudável que não fique restrita só à soja. Mas ela alerta para a falta de estudos epidemiológicos, feitos com grandes populações, que provem os efeitos das lignanas e dos cumestanos para a saúde feminina ou ofereçam dados sobre o quanto dessas substâncias deveria ser consumido. "Já no caso da soja, está mais do que comprovado que seu consumo a partir da primeira menstruação reduz os riscos de sintomas e doenças associados à menopausa", afirma. O problema hoje é saber como aproveitar os benefícios da melhor parte do grão. Segundo Salgado, na proteína da soja -que pode corresponder a apenas 30% do grão- é que se encontram os nutrientes benéficos. O restante é gordura, e já se sabe que, no óleo de soja, extraído dessa parte, por exemplo, não há isoflavonas. A forma de preparo também pode interferir nos efeitos para a saúde. Para facilitar o consumo do grão, há quem prefira tostá-lo antes. "O problema é que esse aquecimento pode deixar o grão cru ainda e, se for consumido assim, pode ser prejudicial. A soja tem antinutrientes que interferem na digestão, além de dificultar a absorção de alguns minerais, como cálcio. Eles só são desativados pela cocção ou se os grãos forem tostados no forno a 100ºC", explica. É bom lembrar que, para conseguir os benefícios das isoflavonas, a recomendação é uma ingestão diária de 45 a 90 miligramas dessas substâncias -em torno de 200 gramas por dia do grão. Para tentar se aproximar dessa quantidade ideal, deve-se diversificar o consumo, incluindo na dieta soja em forma de carne, tofu e farinha. Outros "ingredientes" Paralelamente a isso, Jocelem Salgado acredita que é preciso fazer mais pela saúde. "Não adianta lançar mão da soja e manter hábitos como beber em excesso, fumar e ter vida sedentária. Não há milagre." Uma pesquisa recente, feita em Belém (PA), mostra que a recomendação "coma menos, opte por alimentos mais naturais e saudáveis e se exercite" pode valer mais do que apostar só em um ingrediente. A nutricionista Graça Morais, após avaliar a saúde, a alimentação e os hábitos de 73 pacientes na menopausa, propôs uma mudança no cardápio e nos costumes delas. Afinal, 59% não praticavam exercícios, 31% apresentavam sobrepeso, 80% tinham fogachos, 59% comiam carne vermelha de duas a seis vezes por semana e só 3% comiam soja em grão. As participantes incluíram diariamente, na dieta, um molho de azeite com ervas, um suco de couve-manteiga (rica em cálcio) e uma farinha feita com partes iguais de soja, linhaça e gergelim (sementes que possuem fitoestrogênios). Ela criou um plano nutricional para cada paciente, ensinou receitas saudáveis e sugeriu que largassem o sedentarismo. Meses depois, houve mudanças positivas. "Mas é impossível saber o que promoveu os benefícios. Ao despertar para uma melhor qualidade de vida, elas investiram em uma dieta mais saudável, emagreceram, melhoraram a autoestima... Tudo colabora", diz Morais. Uma das pacientes dela, Maria da Paz de Carvalho, 56, pesava 61,8 kg e tinha uma cintura de 89 cm no início da pesquisa. Seis meses depois, pesa 51 kg e perdeu 15 cm da circunferência abdominal, além de ter reduzido os níveis de gordura no sangue. "Investi na reeducação alimentar e nos exercícios porque tinha medo de sofrer com os mesmos calores e suores que incomodaram muito a minha mãe", conta. Hoje, ela afirma que nunca teve um sintoma desagradável e se sente mais leve, porque o intestino também passou a funcionar melhor. Texto Anterior: Inspire Respire Transpire: Pesos contra o peso Próximo Texto: Quando é hora da troca Índice |
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