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firme e forte
Pular de galho em galho é novo esporte
KATIA DEUTNER
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Se um amigo ou seu chefe lhe convidar para praticar arborismo, não pense que você irá cavar uma cova no jardim mais próximo e plantar uma árvore.
Conhecida também como arvorismo e verticália, essa atividade é um misto de esporte radical com passeio ecológico -nas alturas. Usando escadas, cordas, cabos e plataformas, o praticante se locomove entre copas de árvores. "Você se
sente um macaquinho, pulando entre as
árvores", diz a fonoaudióloga Patrícia
Pitsch, 29.
Praticado principalmente na França,
na Nova Zelândia e na Costa Rica, o arborismo chegou ao Brasil há cerca de quatro
anos, mas ainda não é muito conhecido.
Os pesquisadores foram os primeiros a
praticar essa atividade, utilizando equipamentos que lhes permitiam observar
melhor a vegetação e os pássaros. "Ainda
hoje, os estudiosos chegam a passar uma
ou duas noites no topo das árvores", afirma Edner Antonio Brasil, instrutor do
Copera (Centro Operacional Ambiental),
que organiza circuitos de verticália.
O arborismo é um bom começo para
quem nunca praticou esportes radicais,
pois não exige muito condicionamento
físico nem habilidade especial. "Só é preciso ter coragem, coordenação e agilidade para enfrentar os obstáculos", afirma
o francês Jean Claude Razel. No ano passado, ele montou o Verticália, primeiro
circuito fixo de arborismo do Brasil, e um
percurso exclusivo para crianças, ambos
localizados em Brotas (245 km de SP).
Segurança
Os praticantes fazem um aquecimento e aprendem a usar corretamente uma espécie de cinto de segurança, o trava-quedas, antes de subir até a plataforma da primeira árvore, instalada em alturas que variam de 3 m a 10 m. A
escalada é realizada com o auxílio de escadas de corda e madeira, redes especiais
e agarras.
Os trechos aéreos, entre uma árvore e
outra, são vencidos com cabos, túneis,
cordas, pontes pênseis, redes e tirolesas
(leia mais na pág. 6). E essa é a melhor
parte, segundo alguns praticantes. "O
melhor é a adrenalina que você sente ao
passar de um lado para o outro", diz o
publicitário Eduardo Tonetti, 32.
Para evitar acidentes, os praticantes são
acompanhados por monitores e ficam
presos, por meio de mosquetões, a cordas de suporte durante todo o percurso.
E ninguém é obrigado a ir até o fim.
Quem não gostar da experiência pode interromper o percurso sem prejudicar o
resto do grupo.
O tamanho dos circuitos varia, mas o
grau de dificuldade aumenta a cada fase.
O Verticália, por exemplo, oferece 36 atividades em cinco trechos aéreos e demora mais de duas horas para ser completado. "A sensação de satisfação é indescritível, você volta renovado. O mais gostoso
é superar seus limites e descobrir que você é mais forte do que pensa", conta o
analista de sistemas Wilton Feitosa.
O único fator que impede a prática do
arborismo é a altura. Pessoas com menos
de 1m40 não podem participar dos percursos. A partir dos dez anos, as crianças
podem fazer os circuitos desde que estejam acompanhadas pelos pais ou pelos
responsáveis, explica Mateus Vieira, coordenador técnico da Saga Trek, que
possui um percurso em Analândia (222 km de São Paulo). Foi o proprietário dessa agência, o montanhista Luiz Alberto Martinez, que começou a difundir o arborismo no país, aproveitando árvores fortes e altas, como o eucalipto, para montar circuitos itinerantes no interior de São Paulo.
O esporte está ganhando adeptos até no mundo corporativo. Algumas empresas
têm usado percursos de verticália para motivar seus funcionários, estimulando a
capacidade de planejamento, de liderança e de trabalhar em grupo. Esses circuitos podem ser montados em qualquer lugar que ofereça condições físicas para a prática do esporte.
As empresas que possuem ou organizam percursos de verticália fornecem todo o equipamento necessário, como mosquetões e capacetes. O preço da
aventura varia de R$ 40 a R$ 45 por percurso. Para os mais independentes, o Copera dá cursos que ensinam desde as técnicas do arborismo até como criar circuitos com segurança e sem provocar fortes impactos ambientais.
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