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Psiquiatras defendem uso de remédios
O surgimento dos psicofármacos (remédios psiquiátricos) permitiu um avanço
"fantástico" na forma de tratamento das
pessoas com transtornos mentais. "Os últimos 50 anos do século 20 envelheceram os
mais de 150 anos de psiquiatria", afirma o
psiquiatra Marcos Ferraz, professor
titular da Unifesp.
Ferraz explica que, ao mesmo tempo em
que a psiquiatria torna-se capaz de identificar melhor as doenças, também oferece
uma possibilidade de tratamento que antes
não existia. "Isso provoca uma mudança na
forma de olhar o doente, uma mudança
qualitativa na forma de tratar as pessoas."
Segundo Ferraz, até antes dos anos 50 as
doenças mentais graves eram apenas identificadas, e o paciente ficava "custodiado"
num hospital psiquiátrico. Com o surgimento dos remédios, a doença passa a poder ser tratada.
Para o psiquiatra Rodrigo Bressan, isso representa uma melhora na qualidade de vida
das pessoas. Ele afirma que o tratamento de
doenças mais graves (como depressões profundas) ganha muito com os remédios psiquiátricos. Se o tratamento é melhor, mais
pessoas passam a procurá-lo. "Como nós temos drogas cada vez melhores, as pessoas
percebem que há uma melhora no tratamento, e isso aumenta nossa demanda",
afirma Bressan.
Tanto Ferraz como Bressan dizem que o
fenômeno pode ser visto como um comportamento típico de uma sociedade que exige
tudo de forma muito rápida. Para eles, no
entanto, isso não é o mais importante. "O
fundamental é que as pessoas possam ser
auxiliadas e tratadas", diz Bressan.
Para Ferraz, a melhora no diagnóstico,
além de permitir tratamentos mais eficazes,
dá às pessoas a possibilidade de identificar
seus próprios problemas. Ele diz que, hoje, a
medicina consegue perceber que uma pessoa que perdeu a liberdade de agir em função de uma dependência de droga ou de um
comportamento compulsivo está doente.
De acordo com ele, isso significa que as
pessoas passam a reconhecer que certos
comportamentos são uma doença e podem,
então, procurar ajuda. Significa também
que a doença, uma vez identificada, pode ser
tratada. "A psiquiatria não está preocupada
com ações prazerosas. Nossa preocupação é
com o indivíduo que perdeu sua liberdade e
quer deixar a dependência, mas não consegue", diz Ferraz.
Bressan e Ferraz concordam que os remédios são um recurso a mais no tratamento e
representam um avanço. Contudo, ambos
fazem questão de deixar claro: os medicamentos não funcionam sozinhos; eles fazem
parte de um tratamento que pode e deve envolver outros aspectos.
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