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as dependências e eu
Uma vida de muitas dependências
Comportamentos compulsivos são
uma marca registrada de Raquel (nome fictício), 37, professora do interior
paulista. Formada em pedagogia e filosofia, fez duas pós-graduações e 86
especializações. Mas sua lista de excessos não pára por aí. Ela já passou
por diversas outras compulsões, como sexo, comida e compras.
Casada desde os 15 anos, Raquel
também classifica seu sentimento pelo marido como um vício. "Eu o amo
demais, mais do que meus filhos. Mas
vou sarar, preciso aprender a me
amar antes", afirma. Atualmente freqüentando o grupo de apoio às Mulheres que Amam Demais (Mada), a
professora vem a São Paulo toda semana, apenas para as reuniões.
O casamento de Raquel também
passou por conflitos devido à compulsão sexual. "Meu marido funcionava a 20 km por hora, e eu, a 200".
Ela afirma ainda precisar de sexo pelo
menos três vezes por dia, mas, como
não consegue manter essa freqüência
com o marido -que trabalha em outra cidade durante a semana-, diz
confiar em seu "poder superior" para
controlar sua dependência.
Para dominar a compulsão por comida, Raquel toma remédios e freqüenta os Comedores Compulsivos
Anônimos (CCA), mas ainda tem
momentos de crise. "Quando fico ansiosa, como uma pizza inteira, perco
o controle."
A compulsão por compras também
acompanha Raquel há tempos. Ela
afirma que, desde a infância, gasta
sem medida e que não pode ter dinheiro algum em mãos. "Comprei
uma cozinha e uma sala, sem necessidade e sem ter um tostão para pagar.
Fiz uma dívida de mais de R$ 5.000."
Ela diz que ainda pretende freqüentar
os Devedores Anônimos.
Além dos grupos de apoio, Raquel
diz encontrar ajuda na religião. Evangélica há 12 anos, ela atribui a seu pastor -e terapeuta- a consciência de
suas doenças. "Procurar ajuda ameniza a compulsividade. Você acredita
no "poder superior" e deixa tudo na
mão dele. Não tenho esperança de ser
curada, mas vou melhorar."
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