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Os certificados são elaborados por cardiologistas de acordo com os teores de gordura, açúcar, sódio, potássio, colesterol e fibras
Alimentos com selo Funcor fazem bem ao coração
SERGIO VILAS BOAS - DA REPORTAGEM LOCAL
Na Europa e nos Estados Unidos, eles são mais comuns e costumam orientar a escolha dos consumidores. No Brasil, porém, há apenas um certificado
para alimentos que leva a assinatura de médicos. É o
selo do Fundo do Coração (Funcor), órgão da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). Criado há dez anos, o selo SBC-Funcor é fornecido a
produtos industrializados que são saudáveis para o coração.
Um iogurte ou um pão integral com esse certificado não é necessariamente
mais saboroso que outro produto similar
sem o selo. "O selo indica que o alimento
é recomendável porque contribui para
prevenir um dos principais fatores de
risco das doenças cardiovasculares, que é
o hábito alimentar", explica o cardiologista Max Grinberg, da SBC-Funcor. Os
demais fatores de risco são predisposição genética, tabagismo, estresse, diabetes e sedentarismo.
A SBC-Funcor concedeu o selo a panelas com revestimento antiaderente (Teflon e T-Fal), que precisam de pouca ou
nenhuma gordura para o preparo das refeições, e a vários tipos de alimentos, entre eles margarinas, sucos e leites. Eles foram aprovados porque possuem baixo valor calórico ou
contêm baixo teor de pelo menos um
desses componentes: gordura (poliinsaturada, saturada ou monoinsaturada),
colesterol, sódio e potássio.
Altos índices de gordura no sangue aumentam o risco de doenças cardiovasculares, primeira causa de mortes naturais
no Brasil. Só as doenças relacionadas a
hipertensão arterial, das quais o sal é um
dos maiores inimigos, atingem 20% da
população. "Não certificamos um alimento com percentual zero de gordura,
por exemplo, se ele contiver muito sal",
afirma Grinberg.
Nos supermercados, os selos deveriam
funcionar como uma espécie de bússola
para os consumidores. Mas, segundo os
cardiologistas, as pessoas não costumam
prestar atenção aos porquês da presença
do selo Funcor nas embalagens. "O selo
pode não estar se referindo a todas as
substâncias contidas no alimento, e sim a
uma ou algumas características daquele
produto", explica Grinberg.
A SBC-Funcor fornece sete tipos de selo
para alimentos, conforme os resultados
laboratoriais apresentados pelas empresas que submetem seus produtos para
análise. Abaixo do logotipo do selo vem a
descrição de quais baixos teores o produto apresenta -se calorias, gordura total,
gorduras saturadas, sódio ou colesterol,
por exemplo. O único alto teor que ganha
certificado é o de fibras. Segundo Grinberg, as fibras ajudam a reduzir a absorção de gordura pelo organismo.
Sob controle
O comitê do selo da SBC-Funcor controla, direta ou indiretamente, todas as etapas do processo de
certificação. As empresas interessadas
enviam o produto, o registro no Ministério da Saúde, as informações sobre a
composição nutricional -aquelas que,
geralmente, vêm impressas no rótulo- e
as análises qualitativas, nas quais são detalhados os tipos de nutriente e suas origens.
Os produtos são encaminhados para
laboratórios credenciados pelo Ministério da Saúde ou indicados pela SBC. As
próprias empresas arcam com essas despesas. Os laboratórios emitem laudos
que serão avaliados por nutricionistas da
entidade. "Os padrões de verificação são
atualizados anualmente e assemelham-se
aos adotados pela Associação Americana
do Coração e por outras instituições internacionais", afirma o cardiologista Ari
Timerman, da SBC-Funcor.
O comitê de certificação pode, a partir
da avaliação do produto, sugerir o acréscimo de informações nos rótulos ou alterações para orientar melhor o consumidor. Alimentos industrializados que contenham qualquer substância nociva ao
corpo, mesmo que não prejudique o coração, são rejeitados automaticamente.
"Além disso, nenhuma propaganda pode
ser feita sem a aprovação da SBC-Funcor", afirma Grinberg.
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