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S.O.S. PÉS
Luxo mesmo, hoje, é saber
escolher e apreciar um sapato
confortável de verdade
MANUELA MINNS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Nossos pés não foram projetados para usar sapatos.
Mas a vida exige que vivam
protegidos em embalagens
nem sempre saudáveis.
Mulheres que por exigência da profissão ou da moda
passam horas em saltos altos
podem sofrer o encurtamento dos músculos posteriores
da perna, o que gera desconforto na hora de usar um modelo de sola plana.
Além disso, sobre os saltos, a tendência é a bacia inclinar para frente, podendo
surgir lordose, cifose ou hipertensão dos músculos do
joelho. Esse deslocamento
também pode acarretar dor
na parte posterior da coxa, às
vezes confundida com inflamação no nervo ciático.
"Para girar a bacia para
trás e encaixá-la novamente
é preciso alongar os músculos lombares, fortalecer os
grandes glúteos e os músculos abdominais", afirma o
médico fisiatra Donaldo Jorge Filho, especialista em medicina da reabilitação do
Hospital das Clínicas.
Para isso, a boa e velha caminhada é eficiente. Com tênis adequado e confortável,
claro. Palmilhas de reprogramação postural também ajudam a prevenir e tratar problemas causados por sapatos
inadequados.
"Qualquer salto a partir de
três centímetros vai deformar
o pé, igualzinho a um salto
15", alerta a ortopedista Cibele Réssio, da Unifesp (Universidade Federal de SP), especialista em pés e tornozelos.
Se não há jeito de se livrar
da vida nas alturas, pode-se
optar por modelos tipo plataforma, menos prejudiciais.
Mas, com eles, o risco de torcer o tornozelo é maior, dizem os médicos.
Já aqueles saltos que vistos de lado parecem finos e
de trás têm a largura do tornozelo são bons para pessoas
de mais idade ou com sobrepeso, pois têm maior área de
apoio e evitam entorses.
A ortopedista sugere usar
o salto apenas quando necessário. "Tenho mais de 460
pares, mas, ao longo do dia,
substituo por um calçado
mais confortável", diz.
Todo mundo deve trocar o
sapato, sempre. Se possível,
ao longo do dia, se não, no
dia seguinte. Isso porque, a
médica explica, todo calçado
machuca, de alguma forma,
e ao substitui-lo dá-se um
respiro à região ferida.
O melhor calçado tem o
formato do pé e entre 2 a 3 cm
de salto em relação à sola da
frente. O pé calçado tem seus
movimentos limitados e essa
diferença de salto facilita a
execução da marcha.
Um sapato confortável
precisa ser generoso na sua
parte anterior, tanto na área
onde ficam os dedos quanto
na lateral do joanete. Seu
contraforte -a parte que acomoda o calcanhar- deve ser
firme. E a palmilha tem que
ser como um berço, com ondulações aonde o pé vai se
encaixar perfeitamente.
Para tirar a prova, vale tirar a palmilha de dentro do
sapato e colocá-la no chão.
Ao pisar nela, o pé tem que
caber direitinho. "Se sobrar
ou faltar espaço demais, o sapato não é adequado para você", ensina Patrícia Guedes,
dona da loja Perere, especializada em "comfort shoes".
A palmilha também deve
servir como amortecimento,
principalmente para idosos.
"Com a idade, o pé perde o
amortecimento natural, e a
palmilha vai cumprir essa
função, protegendo os dedos", explica Patrícia.
COMO COMPRAR
A melhor hora para comprar sapatos é no fim da tarde
ou à noite, quando os pés estão um pouco inchados.
Outro cuidado: você tem
certeza que sabe o seu número. "Na maioria das pessoas,
o pé aumenta um ou dois
pontos depois dos 20 anos.
Pouca gente sabe disso e leva
para casa o número da adolescência", diz a ortopedista
Cibele Réssio.
Quando você anda, os dedos dobram e esticam. Portanto, precisam de folga para
se movimentar. Com o calcanhar encostado atrás, o ideal
é que o sapato tenha sobra da
largura de um polegar entre o
fim do dedão e a ponta.
Segundo a ortopedista, depois de andar descalço, a melhor coisa para os pés é um
bom par de tênis, que protege, absorve o impacto e distribui o peso do corpo.
Os populares e confortáveis Crocs, que têm o formato
do pé, não causam deformidades, segundo a médica.
Além de tudo, são leves. Mas
ela lembra que, como esse
modelo foi criado para ser
usado em barco, com piso
molhado, a borracha da sua
sola causa muito atrito e, no
ambiente seco, pode aumentar a incidência de quedas.
As aparentemente inocentes rasteirinhas podem ser
bem perigosas. Elas jogam o
centro da gravidade do corpo
para trás e, para compensar,
acaba-se forçando a parte da
frente da perna.
"É muito comum a pessoa
sair para pular Carnaval com
uma rasteirinha e no dia seguinte acordar com dor na
canela", conta o fisiatra Donaldo Jorge Filho.
Por mais gostoso de usar
que seja o seu sapato, sempre que puder opte por andar
descalço. De preferência em
solo que tenha areia ou grama. Isso alegra um pé que
passa o dia inteiro com sua
movimentação aprisionada.
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