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SAÚDE
Aikido funcional
Método baseado em arte marcial ensina a mover e transferir pessoas acamadas usando pouco esforço, o que previne lesões nos cuidadores e dá mais segurança aos pacientes
FLÁVIA MANTOVANI
DA REPORTAGEM LOCAL
Cuidar de uma pessoa
acamada é um desafio
por vários motivos.
Um deles, que pode
passar desapercebido, é a força
física exigida para movimentar
e transferir o paciente. Mudá-lo de posição na cama, ajeitá-lo
na cadeira ou levá-lo para o banho são gestos cotidianos que,
se forem feitos de forma inadequada, podem gerar problemas
posturais e lesões por esforço
repetitivo nos cuidadores.
Ao observar essa dificuldade,
o fisioterapeuta francês Paul
Dotte, 81, criou um método que
se propõe a prevenir o problema. Praticante de aikido desde
a juventude, Dotte criou, em
1961, sequências de movimentos mais ergonômicos baseadas
nessa arte marcial oriental.
Assim como o praticante de
aikido usa a energia de seu atacante para controlar suas ações
com o mínimo esforço possível,
no método Dotte o cuidador
usa o peso do próprio paciente
na hora de mexê-lo.
"Percebi que os movimentos
dos cuidadores eram inadequados e que, consequentemente,
os pacientes ficavam prejudicados", afirmou Dotte à Folha,
por e-mail, na semana passada.
Referência em sua área, ele
foi diretor por 18 anos da escola
de fisioterapia do hospital universitário de Montpellier
(França) e foi membro da diretoria das federações francesa e
europeia de fisioterapeutas.
Além de dar segurança ao paciente, o objetivo do método é
reduzir os danos e as lesões de
quem o manipula, que podem
ser tanto enfermeiros, fisioterapeutas e outros cuidadores
profissionais quanto familiares. A ideia é que, com os novos
gestos aprendidos, eles consigam manusear os pacientes
com mais eficiência, o que reduz os danos osteomusculares.
"O método proporciona mais
habilidade no manejo dos pacientes e reduz o temor de causar lesões, já que são utilizados
gestuais amigáveis e ergonômicos", completa Dotte.
Um dos discípulos de Dotte,
Max Abric, chegou ao Brasil no
início da semana para ajudar a
implementar, em São Paulo e
no Rio de Janeiro, grupos de
capacitação de cuidadores baseados no método Dotte.
"A técnica permite que uma
só pessoa faça, sem tanto esforço, uma ação que exigiria a ajuda de mais alguém", exemplifica Flávio Pinheiro, fisioterapeuta da Pronep, empresa brasileira de assistência domiciliar
que já ensina a técnica a instituições de saúde conveniadas e
planeja um curso gratuito para
familiares cuidadores no segundo semestre.
Pinheiro afirma que os exercícios são adequados ao perfil
do paciente: se ele estiver consciente, pode participar da ação,
ajudando nos movimentos. Para o fisioterapeuta, a vantagem
do método é focar tanto no
doente quanto no cuidador.
"No dia a dia, as pessoas acabam dando um jeito: há quem
use lençóis, puxe o braço do paciente, pegue pelo seu pescoço.
Mas, como ele está frágil, esses
puxões podem gerar luxações,
por exemplo. E o cuidador pode ter tendinite ou lesão."
A técnica também é ensinada
na França, na Espanha e na
Austrália. Dotte não tem livros
publicados no país, mas lançou
um título em Portugal, "Gestos
e Ativação para Pessoas Idosas", pela editora Lusa Ciência.
PALESTRA SOBRE O MÉTODO
Jornada Pronep: 27/3, das 9h15 às
10h30; r. Sena Madureira, 1.355,
São Paulo; preço do evento (outras
palestras incluídas): R$ 350; tel.
0/xx/11/5087-3470.
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